Um punho descendo de um corpo esmagadoramente gigante, mais alto do que o teto da casa de Tia. Se eu recebesse algo assim de frente, mesmo sendo um Herói, eu seria achatado com um único golpe…
— O que foi, ferro-velho? É só isso que você tem?
Não importa o quanto ele batesse seu punho com força, não conseguia sequer arranhar meu corpo. Um golpe pesado que nem sequer contém uma alma seria como uma brisa diante da minha habilidade de banimento [Invisível].
No entanto, a diferença de peso entre mim e o Golem Adamantino era de centenas a milhares de vezes… era ridículo até de comparar. Mesmo que o ataque não acertasse, em circunstâncias normais, o impacto por si só teria me lançado além do horizonte.
Mas isso não aconteceu. Depois de levar dezenas de socos para exibir a habilidade, usei uma nova técnica de banimento.
— Chegou a hora? Então, é… vingança!
Aproveitei a brecha entre seus punhos, pulei e chutei o golem no estômago. Com um estrondo, o corpo colossal do golem cambaleou e caiu no chão.
Essa era a habilidade de banimento [Refletor Orbital]. Uma técnica de contra-ataque que acumulava o dano recebido e o devolvia diretamente ao oponente. Quando ativada, até mesmo o impacto em si era anulado, podendo ser usada para defesa.
<<Kuoooooooo~o…>>
— Ah, eu sabia que você ia se levantar…
O golem, que deveria estar caído com a cabeça virada para o céu, se ergueu, emitindo o som característico de metal raspando contra metal. O impacto deve ter sido considerável, mas apenas um pequeno amassado podia ser visto em seu corpo, e só se olhasse bem de perto.
— Sempre gostei de derrubar caras duros, mas acho que minha força ainda não é o suficiente. Bom, eu já sabia disso.
Derrubei ele no chão porque precisava de um tempo. Coloquei a mão dentro da [Caixa do Estranho] e puxei o cabo da minha espada prateada.
Sim, apenas o cabo. Essa espada não tinha lâmina. Ela seria criada agora.
— Vamos lá, parceiro. Espada de Sangue Rensou.
Levantei minha mão esquerda até a altura do rosto com o punho cerrado e bati o cabo da espada no meu pulso esquerdo. A ponta do cabo perfurou meu pulso, sugando meu sangue para dentro dele. Então, ergui a espada novamente, e uma lâmina vermelho-vivo se estendeu a partir do cabo.
<<Kuoooooooo~o…>>
— Opa, fiz você esperar? Parece que você já está pronto, então vamos acabar com isso.
O golem adamantino, agora de pé completamente, lançou outro soco contra mim. O quê? Você é um desses brutamontes? Bem, se algo fosse inserido de forma errada, a densidade diminuiria e a resistência também. Focar apenas em socos era uma coisa, mas ser capaz de usá-los de forma eficiente era outra…
— Ha!
Soltando uma respiração curta e forte, desviei do punho do golem mais uma vez e avancei pelo seu caminho. Ele previu meu movimento e tentou um chute desta vez, mas… já era tarde demais.
Sem gritar o nome do meu golpe especial, balancei minha espada silenciosamente. O movimento arrancou a bainha da lâmina sangrenta, deixando apenas uma lâmina invisível.
A lâmina era, acima de tudo, incrivelmente fina. Tão frágil que não resistiria nem a uma brisa leve, e, se deixada sozinha, se destruiria em um piscar de olhos.
No entanto, sua finura lhe permitia cortar qualquer coisa. Ela podia penetrar as conexões entre os materiais e cortar qualquer objeto físico.
A "Espada da Vida Fina", criada pelo efeito da habilidade de banimento [Mestre Ferreiro Engenheiro], combinada com as técnicas de espada que desenvolvi ao longo da minha longa jornada por outros mundos. Se as duas fossem unidas…
<<Zuzuzuzuu!>>
— Nada é inquebrável!
Observei enquanto o imenso corpo do golem, partido ao meio, desmoronava no chão. Dei um último movimento com a Espada da Vida Fina antes de guardá-la de volta na [Caixa do Estranho].
――Além disso, não havia motivo para balançar o cabo depois, já que a lâmina se desfez assim que cortou o golem. Mas tudo bem, ficou estiloso.
— Ufa. Terminamos, Tia.
— ……………………
— Tia?
Chamei Tia mais uma vez, que me olhava com uma expressão atordoada. Seus olhos estavam arregalados e, finalmente, ela respondeu.
— Ed… Ed era tão forte assim…?!
— Bem, sim! Vou te contar uma coisa, eu não era sempre forte quando estava com você, sabia? Depois que fui expulso do grupo do herói, treinei de novo e fiquei mais forte.
— Entendi. Entendi… Ei, Ed?
— Hm? O que foi?
— Se você é tão forte, então talvez você possa… não, esquece.
— Não, não, não. Isso é o que mais me preocupa. O que foi? Ah, só para avisar, derrotar um Lorde Demônio não é nada fácil, viu?
Eu já tinha visitado mais de cem mundos diferentes, mas nunca enfrentei um Lorde Demônio. Bem, era natural, considerando que sempre era expulso do grupo antes de chegar nessa parte.
A base da minha força eram as minhas habilidades de banimento… e o poder que Deus me deu. Se elas fossem bloqueadas, eu não passaria de um fracote, então sempre existia a possibilidade de que um Lorde Demônio tivesse esse tipo de habilidade. Se eu fosse arrogante o bastante para acreditar que poderia vencer sem considerar isso, seria pego desprevenido facilmente.
Mas se fosse o Lorde Demônio que estava mexendo com a Tia, eu não teria problema nenhum em me empolgar um pouco e socá-lo na cara…
— Quero que me leve além da fronteira.
— …Isso…
— Sim. Quero ir até… o lugar onde deixei Alexis e os outros pela última vez. Quero terminar lá também――
— NÃO DIGA "ÚLTIMA VEZ"! Última…!
— Fufu, que engraçado. Por que você parece que está prestes a chorar?
— Isso… eu também não sei!
Retruquei para Tia, que riu. Ah, é. Eu não sabia de nada. Não sabia, mas… eu não conseguia parar de chorar.
— Então, o que acha? Claro, se não puder, pode recusar, e mesmo que aceite, não tenho muito o que oferecer como pagamento… Oh, que tal este pijama que estou vestindo? Aposto que daria um bom preço se você vendesse.
— Eu não quero isso! Não, eu realmente não quero.
Se o efeito que acabei de sentir era verdadeiro, então certamente o pijama que Tia estava usando valia muito dinheiro. Mas eu não tinha ideia do que fazer com o pijama recém-retirado de uma amiga (uma mulher).
Mas carregá-lo na Caixa do Estranho era uma possibilidade, e se ela me pedisse para jogá-lo fora, eu não poderia fazer isso. Eu já tinha coisas demais, certo? Sim, definitivamente não queria isso.
— Boo, que maldade! …Então, não?
Tia me olhou com olhos brilhantes e úmidos. Mo~ Que difícil dizer não para esse olhar, diferente da determinação de antes…
— …………………… Cccc certoooo.
Depois de um longo suspiro, finalmente cedi. Talvez eu não pudesse prolongar sua vida, mas poderia realizar seu desejo. Então, a escolha já estava feita desde o início.
Assim, a última jornada de Tia e eu começou de repente, sem nem esperar a noite passar.
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