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Chapter 18: — Kyaa!

 — Oh, tem um esconderijo aqui.

No final de um pequeno buraco pelo qual era preciso se abaixar para entrar, havia um esconderijo aconchegante que parecia adequado para passar a noite. Estava mobiliado com camas, sofás, mesas e cadeiras.


— Que tal dormirmos aqui hoje?

De fato, já estávamos explorando havia um bom tempo, então não tive objeções.

— Por que haveria um lugar assim dentro da masmorra?

— Provavelmente foi preparado pelo vampiro para uso próprio.

— Um vampiro?

— Sim, uma vampira chamada Judite. Ela é a criatura que governa esta masmorra.

— Tem alguém assim aqui? Podemos simplesmente usar esse lugar sem irritá-la nem nada?

— Provavelmente, sim.

Dizendo isso, ela se sentou em uma das camas.

Bem, se Agetha diz isso, eu confio nela.

— Ei, Kiska. Vem cá. Quero conversar mais com você.
— Ah, hm... tudo bem, eu não me importo.

Como ela pediu, sentei-me obedientemente ao lado dela.

— Ei, Agetha, você não me acha estranho ou algo assim?

De repente, trouxe à tona algo que me incomodava há tempos.

— Por que acharia?
— Bem, veja, eu tenho cabelo prateado, e dizem que é um mau presságio.

Por causa desse cabelo, fui perseguido pelos aldeões desde criança. O cabelo prateado era uma característica do desprezado povo Alks. Então, qualquer um que visse meu cabelo reagia negativamente.

— Sério? Eu acho que é estiloso.

— Estiloso...?

— Sim, cabelo prateado tem uma qualidade sobrenatural e bela.

— É mesmo...

Agetha foi a segunda pessoa, depois de Namia, a elogiar meu cabelo.

— Mas acho que penso assim porque sou de outro mundo.

— De outro mundo...?

— Sim, eu vim de um mundo diferente.

Vim de outro mundo. Nunca tinha ouvido uma história dessas antes.

— Você não acredita?

— Não, eu acredito em você.

— Haha, imaginei que você diria isso, Kiska.

Dizendo isso, Agetha se aproximou ainda mais de mim, como se estivesse se apoiando em meu corpo. Essa proximidade estranha talvez fosse porque ela era de outro mundo. Talvez, no mundo dela, esse nível de proximidade fosse normal.

— Vamos comer algo?

Dizendo isso, ela tirou um pedaço de carne de monstro de sua Caixa de Itens.

Depois disso, Agetha preparou uma refeição caseira. Embora não pudesse ser nada muito elaborado, por estarmos em uma masmorra, ainda assim era incrivelmente saborosa.

Após terminarmos a refeição, decidimos descansar cedo, considerando o cansaço da exploração. No entanto, havia apenas uma cama.

— Você pode usar a cama, Agetha. Eu durmo no sofá.

— Não precisa disso. Você pode dormir comigo na cama.

— Isso já é um pouco demais, não acha?

No fim, acabei dormindo no sofá enquanto Agetha usava a cama.

Por ora, se conseguisse garantir a cooperação dela, talvez tivéssemos uma chance de escapar dessa masmorra. Era constrangedor depender tanto da força de uma garota, mas comparado a ela, eu me sentia completamente impotente. Não tinha escolha senão continuar contando com sua ajuda.

— Hm...?

Quando fechei os olhos e tentei dormir, percebi um peso sobre minha cintura. Abrindo os olhos, vi Agetha sentada sobre mim.

Ela tinha uma expressão inocente no rosto.

— Ei, o que você está fazendo aqui...?

Minhas palavras foram interrompidas.

Agetha me beijou.

— Ei, Kiska, toca meu coração e sente como está disparado?

Dizendo isso, Agetha pegou minha mão e a pressionou contra seu peito.

A sensação era suave, mas eu não conseguia processá-la totalmente.

— Eu te amo, Kiska.

— ...Hã?

— Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo...!! Eu te amo!

— Espera, não lembro de ter feito nada que fizesse você gostar de mim.

— O que você está dizendo? Kiska, você me salvou, não foi?

— Salvei...?

— Sim, eu estava selada nas profundezas da masmorra por muito tempo. Esperei sozinha por centenas de anos. Achei que um príncipe viria me salvar um dia. Então, concedi habilidades àqueles que se aventuraram no fundo da masmorra. Mas não funcionou. Houve inúmeras pessoas para quem dei habilidades, mas todas, sem exceção, sucumbiram no caminho e nunca chegaram até aqui. Só você, Kiska. Não importa quantas vezes tenha morrido, você veio até mim.

Entendi. Então, ela já havia concedido a habilidade "Salvar & Resetar" para outras pessoas antes de mim. E eu fui o único que conseguiu chegar até aqui.

— Esperei tanto tempo. Esperei pelo príncipe que iria me despertar.

Enquanto Agetha falava, sua expressão era extasiada, como a de uma donzela apaixonada.

— Sim, Kiska. Você é o meu príncipe.

Dizendo isso, ela me beijou novamente.

— Eu te amo, Kiska.

Então, ela começou a se despir.

Depois disso, eu já sabia o que ia acontecer.

— Para...!

Gritei reflexivamente.

— Por quê...?

— Eu não vejo você dessa forma.

Era difícil dizer, mas sabia que precisava ser direto.

— Que pena. Mas está tudo bem. Eu te amo, então isso não importa.

— Eu não posso ficar com você desse jeito.

— Por quê...?

— Eu amo outra pessoa.

— Entendo. Mas tudo bem. Se puder me amar como a segunda, já ficarei satisfeita.

Dizendo isso, ela tentou se aproximar de novo.

Foi nesse momento.

Uma lembrança veio à tona. Pensei na minha amada Namia e nos homens que a maltrataram.

Foi nojento. Agetha parecia tão repulsiva quanto aqueles homens para mim.

— Pare!

Antes que percebesse, empurrei-a com força.

— Kyaa!

Ela foi jogada e caiu do sofá.

— Ah, desculpa.

Minha cabeça esfriou, e rapidamente me desculpei.

Mesmo que quisesse rejeitá-la, deveria haver um jeito mais gentil de fazer isso.

— D-desculpa. Acho que me empolguei um pouco...

No entanto, ela fingiu não se importar e deu um sorriso tímido.

Depois disso, ambos voltamos aos nossos lugares para dormir.

Por ora, eu podia considerar aquilo uma resolução pacífica.

Era desconfortável, mas eu precisava da ajuda dela para sair da masmorra. Teria que mudar minha mentalidade até amanhã.

Depois de dormir.

— ...Hã?

Fiquei em choque.

Levei vários segundos para processar a cena diante de mim.

Porque—

Quando acordei, o corpo sem vida de Agetha estava bem na minha frente.



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