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Chapter 8: Poucas Pessoas Que Dizem Estar Bem Estão Realmente Bem

Dragões. Uma raça que reinava no topo de todas as bestas mágicas. Com suas escamas resistentes e corpos enormes, possuíam um poder esmagador e uma força absurda, que, ao mesmo tempo, lhes permitia voar e cuspir magia com sua energia transbordante. As espécies superiores até compreendiam a linguagem humana, tornando-os verdadeiros monstros literais.


Não havia brilho de inteligência em seus olhos, então provavelmente era um Lesser Dragon de baixa patente. Mas espera... Por que diabos havia um dragão aqui?

— Ei, Tia! Por que tem dragões aqui embaixo? Essas coisas não costumam ficar nas montanhas?

Dragões, especialmente os de nível inferior, geralmente viviam no topo das montanhas. Diziam que os dragões imaturos não conseguiam controlar o calor emitido por seus corpos gigantes e regulavam a temperatura expondo suas escamas duras ao ar frio, por isso nunca gostavam de florestas úmidas como essa.

Mas quando Tia se virou para mim, em vez da resposta que eu esperava, ela me lançou outra pergunta, em um tom impaciente.

— Ed! Por que você saiu de casa!?

— Ué, óbvio que eu viria quando ouvi esses gritos—

— GYAAAAOOOOOOO!

— Conversamos depois! Primeiro temos que dar um jeito nesse cara!

— É, tem razão.

Apesar da expressão desesperada de Tia, respondi com calma. Dragões eram inimigos formidáveis, mas um Lesser Dragon não era grande coisa para mim. Desembainhei minha espada da cintura e dei um passo à frente para proteger Tia.

— Então, eu vou cuidar dessa—

— A lâmina da lua prateada que torce e gira o vento é a lâmina da lua verde, e as penas dos seis pares de espíritos em três direções são as penas que endurecem e deixam cair a luz opaca! Reúnam-se, cercai-vos e dançai! Em nome de Lunartia, manifeste-se, [Tri-Edge Stream]!

— GYAAOOO――――

THUMP!

Antes que eu pudesse soltar uma frase de efeito, a lâmina de vento criada pela magia espiritual de Tia cortou com facilidade o pescoço grosso do dragão.

— …? Sério?

Cautelosamente, me aproximei do dragão, que jazia no chão, jorrando sangue de sua carne decepada e levantando uma nuvem de poeira. Cutucando a cabeça decapitada com minha espada, confirmei. Sim, estava definitivamente morto.

— Hah… hah… hah…

— Opa, opa, opa! Tia, desde quando você ficou tão forte assim!?

Até onde eu conhecia Tia, ela não era forte o suficiente para matar instantaneamente um dragão, por mais fraco que fosse. Sua respiração parecia instável, mas era normal considerando o poder que havia usado.

— Hah… hah… hah…

— Nossa, que corte limpo! Assustador! Será que isso dá pra evitar com [Invisível]? Não, é magia, então eu teria que usar [Sabonete Mágico]? Nah, não quero testar isso nem ferrando…

— Hah… hah… hah… hah…

— ……………………. Tia?

Eu tentava manter o clima leve, mas a respiração de Tia não melhorava. Quando olhei para trás, vi que ela mal conseguia ficar de pé e estava prestes a desmaiar.

— Ei!? Você tá bem!?

O corpo de Tia, que segurei, era assustadoramente leve. Mesmo para uma elfa, ela estava magra demais.

— Tia? Você…?

— Ha… Ha… desculpa, Ed. Só tô um pouco cansada… Não se preocupa, já já eu melhoro… Hah… hah… Pronto… Agora tô bem.

Com isso, Tia se afastou e ficou de pé sozinha. Mas eu não comprava essa nem ferrando, principalmente porque seu rosto ainda estava pálido.

— Espera, você não parece nada bem.

— Mou~. Eu disse que tô bem! Faz tempo que não luto, e fiquei um pouco empolgada porque você tava vendo… Não me importo se você ficar preocupado comigo, hehehe…

— …………………….

— Me desculpa. De verdade. Eu queria ajudar mais, mas posso descansar um pouco no meu quarto até a comida ficar pronta?

— … Tá bom.

— Valeu. Vou ficar esperando a sua comida caseira, Ed.

Dizendo isso, Tia cambaleou de volta para casa. Eu não conseguia evitar me preocupar com ela, mas… o que eu podia fazer?

— … Ah, mooo~! Não tenho escolha!

Depois de coçar a cabeça e pensar um pouco, voltei para a casa de Tia, lavei bem as mãos e fui para a cozinha. O corpo do dragão foi direto para minha caixa estranha. Deixar um bicho mágico sangrando por aí só ia atrair mais problemas.

— Mas que diabos foi aquilo…?

Enquanto cozinhava, repassei os acontecimentos. Os sintomas de Tia pareciam de alguém que gastou magia demais de uma vez. Isso era natural, considerando a magia que ela usou… mas algo dentro de mim dizia que eu não devia ignorar.

— Mas não adianta perguntar, ela não vai me contar… Então só tem um jeito: eu vou pegar pesado.

Com um sorriso malicioso, comecei a mudar os ingredientes do ensopado. Eu gostava de pedaços grandes de carne e vegetais, mas Tia disse que estava sem apetite. O melhor seria um ensopado cremoso e nutritivo.

O toque especial seria o leite. Substituí o leite comum por um de altíssima qualidade que consegui em uma das minhas viagens por outros mundos. Fufufu, nunca imaginei que chegaria o dia de quebrar o selo desse ingrediente especial…

Ah, e tinha carne de fênix também. Cortando em pedacinhos e cozinhando bem, não seria pesado para a digestão e ainda restauraria as energias. Não sei se era realmente carne de fênix, mas pelo menos servia para o propósito.

Misturei vários ingredientes nutritivos e cozinhei tudo na panela mágica que acelerava o cozimento. Quando provei…

Muhaaa!

Delicioso. Extremamente delicioso. O calor do ensopado se espalhou pelo meu corpo inteiro. Não era uma poção mágica, mas reconfortava.

Poções mágicas podiam ser traiçoeiras. Crianças recém-nascidas e idosos, por exemplo, podiam ter efeitos colaterais por não conseguirem acompanhar a recuperação acelerada que as poções causavam.

— Perfeito! Ei, Tia! Tá pronto!

Chamei Tia enquanto mexia o ensopado… mas não houve resposta.

— Tia? Ei, Tia?

Bati de leve na porta do quarto dela, mas nada. Será que ela dormiu? Bom, dava pra deixar ela descansar e esquentar depois…

— …Tia, vou entrar, tá?

Mas… a imagem do rosto pálido dela não saía da minha cabeça. Suspirei e abri a porta.

Lá estava ela, trocando de roupa, apenas de roupa íntima.

— Tia…

— Eh!? Kyaa! Ed, seu pervertido!!

Tia gritou, envergonhada, mas eu não liguei. Entrei no quarto.

— O-O quê!? Esse é o momento que você devia dizer “Desculpa!” e sair!

Sem responder, me aproximei devagar, encarando seu corpo.

— Ed? Ei, você tá me assustando… Saia da— Kyaa!?

Segurei seu pulso e olhei ainda mais de perto. Eu não conseguia desviar os olhos daquela visão chocante.

— Tia…

— Ed…

Como se desistisse, Tia desviou o olhar, triste. Eu segurei a vontade de apertar minha mão e formulei as palavras na mente.

— Como diabos… você ficou assim?

Sua pele branca estava coberta de rugas e manchas, e seu corpo magro parecia à beira da morte. Tia, que com apenas 120 anos ainda deveria ser jovem para uma elfa… estava seca como alguém prestes a morrer.



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