Uma luz forte e a sensação de algo frio como névoa tocando minha bochecha me despertaram do sono.
As Ruínas do Pico Ujah...
Lá estava eu, meio enterrado na areia do local ensolarado que um dia fora uma pedreira. Meu travesseiro havia sido substituído por areia, que escorria ao meu redor enquanto eu tentava me libertar.
Eu me sentia revigorado depois do descanso, mas o fato de a areia estar descendo da minha clavícula até o estômago me incomodava. Era uma maneira terrível de acordar, mas, surpreendentemente, uma parte de mim não se importava tanto. A sensação de uma manhã agradável não era determinada apenas pela paisagem ou pelo clima.
Olhei para o peso contra o meu peito e vi uma visão quase feérica bem na minha frente. Diziam que só de ver uma única flor bonita alguém poderia ter uma manhã agradável ao acordar. No entanto, essa flor em particular me olhava de volta com uma expressão descontente.
— Não acredito que dormi tão rápido! Vou ficar o dia inteiro me perguntando o que vai acontecer no livro! — reclamou Marie, com seus lábios vívidos se abrindo para expressar sua frustração, como esperado.
Reprimi a vontade de tocar em seu cabelo branco, que brilhava sob a luz do sol.
— Heheh, pelo menos temos isso para esperar ansiosamente à noite. Mas, falando nisso, tem areia demais por aqui.
A elfa se afastou, e eu me levantei depois dela. Então, assim como antes de dormirmos, o brilho do oásis surgiu em nossa vista a partir da plataforma. Olhamos para cima e vimos que o céu estava de um azul intenso, e até mesmo o solo arenoso parecia fantástico aos meus olhos.
O monstro misterioso de ontem nos atacou com uma onda de areia fervente destrutiva. Achei que poderíamos acordar em uma situação parecida, então não podia dizer que era uma sensação agradável, mas saber que Marie estava ansiosa pelo resto do livro me fez sorrir sozinho.
A areia escorreu da minha manga, revelando um bracelete opaco em meu pulso. Ele servia principalmente para verificar minhas habilidades atuais, mas eu também podia usar um comando simples para enviar um pedido de grupo para a meia-fada elfa ao meu lado.
— Pronto, adicionado. Acho que essa é a primeira vez que formamos um grupo juntos.
— Acho que sim. Isso é meio empolgante. Eu quase nunca faço equipe com outras pessoas.
Ela apontou que isso era principalmente um problema da minha personalidade, enquanto eu puxava minha bolsa meio enterrada da areia. Também tirei os pertences dela, e a areia escorria da plataforma onde estávamos.
Fazer equipe com outras pessoas geralmente só me causava ansiedade. O silêncio nas conversas podia ser desconfortável, e se uma estratégia falhasse, eu poderia acabar sendo o culpado.
No entanto, eu queria acreditar que com Marie seria diferente. Eu não sabia por quê, mas simplesmente sentia isso, mesmo com a enorme diferença entre um nível 72 e um nível 32.
Pensei em como ultimamente me sentia confuso com meus próprios pensamentos e sentimentos enquanto tirava a areia das minhas roupas.
— Certo, vamos começar. Nossa missão hoje é resgatar aquela criança meio-besta e derrotar os bandidos escondidos. Se eu chegar à conclusão de que será difícil demais, te aviso pelo chat mental.
— Certo. Se isso acontecer, nos reagrupamos e você nos tira daqui com o Trayn, o Guia da Jornada. Agora, vamos executar nosso plano!
Ela ergueu a voz com determinação e começou a preparar sua Magia Espiritual. Pontos brilhantes dançavam ao redor de seu manto, e eu pisquei, achando que era um truque da luz. Ela quase parecia desaparecer e reaparecer diante dos meus olhos. Esfreguei os olhos e, então, percebi que Marie já havia sumido de vista.
— Oh, então isso é o espírito da luz, Véu Luminoso. Parece que realmente te deixa completamente invisível.
— Bom, não seria um feitiço muito útil se um sonolento como você ainda conseguisse me ver. A partir daqui, vou me mover devagar, mas não consigo esconder meus passos nem meu cheiro. Dependendo do que enfrentarmos, ainda posso ser detectada.
Fazia sentido. Mas isso significava que os lugares onde ela podia se esconder eram limitados. Felizmente, Marie era uma feiticeira espiritual. Poucos tinham o poder de influenciar profundamente uma batalha sem nem precisar se mover.
— Certo, então eu também vou me movimentar. Se acontecer qualquer coisa, me chame pelo chat mental imediatamente.
— Sim, tome cuidado também. E não se esqueça de ler o resto do livro para mim amanhã à noite.
Não pude deixar de sorrir com isso. O fato de que a Srta. Elfa estava ansiosa pelo livro já era motivação suficiente para mim, e comecei a caminhar em direção ao oásis com esse pensamento positivo em mente.
Era hora de começar.
Ativei Sobre a Estrada a partir da plataforma e instantaneamente apareci nos terrenos arenosos abaixo. Enquanto caminhava sobre a grama esparsa, pensei sobre o que precisaríamos fazer a seguir.
Nosso objetivo era resgatar a criança meio-besta. Era uma missão extremamente difícil, que exigiria que enfrentássemos inúmeros fora da lei e uma monstruosidade gigantesca. Apesar do meu alto nível, eu não era arrogante o suficiente para presumir que poderia vencer uma batalha tão desigual.
Primeiro, eu precisava me afastar de Marie para que ela não fosse considerada uma ameaça. Depois, eu tinha que atrair a atenção deles de alguma forma. Ainda não sabíamos onde nossos oponentes estavam escondidos, e precisávamos encontrar aquela criança de algum jeito.
Enquanto me aproximava da margem da água para começar minha estratégia, o monstro reptiliano conhecido como Koopah emergiu em uma explosão de areia. Não havia necessidade de pegar leve como da última vez, então eu o abati assim que apareceu, fazendo-o soltar um grito de dor.
— Hm, acho que finalmente me notaram. Marie, como estão os preparativos?
— Nada mal. Estou criando mais lagartos de fogo e deixando-os escondidos na areia por enquanto, mas tem certeza de que quer que eu segure o poder deles?
— Claro. Queremos sobrecarregar esses caras com números, em vez de força bruta, dessa vez. Se fizermos certo, isso pode nos dar uma vantagem maior do que simplesmente matá-los.
Disse isso pelo chat mental e então olhei ao redor.
De acordo com minha Intuição, havia menos de dez deles. Percebi o som fraco de vozes e olhares sobre mim, então me afastei silenciosamente do oásis. Agora que eu sabia onde estavam, não havia mais necessidade de chamar atenção lutando contra Koopahs.
Tentei detectar suas presenças, mas meus olhos foram se movendo para cima lentamente. Então, dentro de um prédio parcialmente dilapidado, vislumbrei um homem sujo que tentava esconder o rosto.
— Ah, ali está ele. A questão é: onde será que está aquela criança?
Eles deviam estar se perguntando por que eu tinha aparecido depois de fugir e onde a elfa que estava comigo havia ido.
Depois de um tempo pensando nisso, parecia que eles decidiram seguir a mesma abordagem de antes. Bem, provavelmente era a única coisa que podiam fazer.
Assim que cortei um Koopah que se aproximava em pequenos anéis, o chão tremeu. A areia vibrou com os tremores, e senti um impacto, como se algo estivesse subindo do subsolo. Em seguida, veio um rugido penetrante, que fez até mesmo os Koopahs tremerem de medo.
Grrraaaaaarrr!
O rugido estrondoso levantou areia em um padrão radial, mas eu aprendi com experiências passadas. Aproveitei o fato de estar sozinho e ativei Over the Road para escapar para um dos prédios em ruínas. O prédio foi imediatamente esmagado pela onda de choque, e os Koopahs restantes foram reduzidos a pó.
Essa intensidade e esses tremores eram algo surreal. Mas, como alguém que só havia treinado a habilidade de fugir, a situação estava longe de ser incontrolável.
Depois de desviar habilmente dos destroços caindo, me movi para o telhado do prédio e, em seguida, para outro prédio mais distante. Foi então que vi algo brilhando ao longe: a pedra que a criança meio-besta segurava.
A criança vestia um manto esfarrapado, assim como ontem, com mãos e pés acorrentados.
— Está um pouco longe, mas acho que agora tenho uma boa ideia de onde os outros estão. Acho que podemos começar.
— Tenha cuidado, tá? E se precisar recuar, não hesite. Eu vou chamar a atenção daquele monstro, então não precisa se preocupar com ele por um tempo.
Respondi com um "entendido" à voz tranquilizadora em minha mente.
Se eu tivesse que adivinhar, aquele monstro gigante devia estar no nível 100 ou algo assim. Pensar que uma elfa no nível 30 e poucos ia enfrentá-lo de frente... Parecia que eu estava em um sonho estranho ou algo assim.
Pensei em me beliscar, mas percebi que, na verdade, eu já estava em um sonho, então nem adiantaria.
— Certo, estou indo. Te vejo depois, Marie.
Deixei minhas palavras de despedida para a garota invisível, então pisei no chão com os dois pés e ativei Over the Road. Essa habilidade tinha restrições de peso e distância de viagem, além da necessidade de ver fisicamente o destino e ter os dois pés no chão. Apesar dessas limitações rigorosas, era uma habilidade essencial para encurtar distâncias.
Me movi instantaneamente para a parede, depois para um prédio encostado no penhasco. Ao pisar no telhado em ruínas e saltar novamente para o ar, senti como se estivesse correndo direto para o céu.
Atrás de mim, ouvi o monstro gritar, como se me mandasse parar de fugir. Seu rugido era forte o suficiente para estremecer o chão, mas quando olhei para baixo do penhasco e observei a cena, murmurei para mim mesmo:
— Huh... Isso é bem útil, na verdade.
Ali estava Marie, fazendo pleno uso de suas habilidades como feiticeira espiritual. Ela já havia criado cerca de dez espíritos no total. Eu tinha ouvido falar que a Magia Espiritual consistia em fornecer mana aos espíritos e lançar feitiços contra os inimigos, mas parecia que eles também podiam se enterrar na areia e viajar pelo subsolo, como tanques de guerrilha de tiro único.
Os espíritos estavam escondidos longe da conjuradora e lançavam esporadicamente rajadas mágicas contra o monstro, servindo como a distração perfeita para mim. Fiquei impressionado ao ver o monstro investindo na direção oposta de Marie enquanto mais e mais espíritos apareciam.
Naquele momento, eu entendi. Sua versatilidade para se adaptar a qualquer situação era o que a diferenciava dos outros feiticeiros. Foi graças a essa habilidade que conseguimos bolar estratégias que de outra forma seriam impossíveis.
— Isso parece ser útil em todo tipo de situação. Ah, mas mais importante...
Considerando a quantidade de mana que ela ainda tinha, provavelmente não teríamos muito tempo. Eu precisava cumprir minha parte, ou então levaria uma bronca depois.
Saltei de telhado em telhado mais uma vez e, então, encontrei a criança de antes bem na minha frente.
O meio-besta encapuzado se encolheu quando cheguei. O garoto era ainda menor de perto, parecia uma criança do ensino fundamental.
Ele recuou, assustado. Abaixei-me para ficar no nível dos olhos dele e então abri a boca.
— Ei. Gostaria que eu te ajudasse? Se quiser, posso te dar uma mão.
A criança estremeceu ao ouvir isso. Dessa vez, talvez não fosse por medo, mas por um leve sentimento de esperança. Afinal, eu estava falando na língua dos meio-bestas, algo que poucas pessoas sabiam.
— O quê? Você sabe... falar nossa língua?
— Sim. É um hobby meu. Eu adoraria conversar mais, mas não temos muito tempo. E então, o que prefere? Quer que eu te deixe aqui? Ou...
As correntes tilintaram com um som metálico quando pequenas patas se estenderam para mim. Ele estava coberto de pelos brancos e marrons, tão sujos que não pude evitar sentir pena. Os tendões dos pés da criança estavam gravemente feridos, e ele claramente não estava em condições de correr.
— Por favor... Me ajude! Eu não aguento mais... Não suporto ter que invocar monstros com essa pedra para atacar pessoas inocentes!
— Tudo bem, então — respondi.
Estávamos altos demais para que a névoa das veias d’água nos alcançasse, e até respirar era difícil. Quem quer que tenha vivido ali antigamente devia pertencer a uma classe social inferior.
Lentamente, me levantei diante do meio-besta, que estava curvado como se estivesse em oração. O grupo que se aproximava de nós por trás era justamente os homens responsáveis pelos crimes na região. Havia cerca de oito deles, cada um vestindo um capuz queimado de sol e segurando espadas largas nas mãos.
Apesar da aparência desleixada, seus músculos avantajados e o olhar afiado demonstravam que eram de nível bem alto. Na verdade, isso me fez questionar se eram mesmo meros bandidos.
O homem que liderava o grupo, que presumi ser o capitão, estava completamente calmo, apesar de caminhar sobre o telhado instável cheio de buracos. Ele acariciou a barba negra no queixo enquanto se aproximava de mim e disse:
— Bom trabalho voltando até aqui, garoto. Finalmente entendi como você sobreviveu ontem. Você é especializado em habilidades de mobilidade e escapou com a elfa do mesmo jeito que subiu até aqui.
— Ohh, é, você não está tão longe da verdade. Mas, enfim, poderia remover o Dominance desse garotinho?
Lancei um olhar para as correntes e percebi que ele estava preso pelo poder de um contrato, e não por metal comum. Em outras palavras, não poderia ser destruído fisicamente. Para libertar essa criança, eu precisava da pedra do contrato na mão daquele homem sorridente.
— Então, vamos fazer um trato. Me dê sua bolsa cheia de tesouros, e eu deixo o pirralho ir.
Hã... Por que esse cara se daria ao trabalho de contar uma mentira tão óbvia? Eu podia parecer uma criança, mas por dentro, era um adulto. Não sabia como eles estavam fazendo isso, mas era evidente que estavam usando aquela criança meio-bestial para atacar aventureiros. Não havia a menor chance de que desistissem tão facilmente de sua galinha dos ovos de ouro.
Parece que o tempo de negociação acabou. Na verdade, nem dava para chamar aquilo de negociação em primeiro lugar.
Saquei minha espada, e eles se enrijeceram levemente. Ainda achavam que estavam fora do meu alcance, mas, como o líder deles havia suspeitado, minha especialidade era a mobilidade. Ativei imediatamente o Over the Road, apareci na lateral do líder e balancei minha espada sem hesitação.
Meu golpe foi certeiro, e a pedra do contrato foi cortada na diagonal, enquanto o barulho de aço contra aço ecoava. Quase sorri para o líder, mas sua expressão se desfez, e ele me encarou com um olhar cortante.
— É isso. Vou cortar seus braços e pernas e depois esfregar sal nas feridas.
As palavras de um adulto que pretende te machucar podem ser realmente assustadoras. Ou seriam, se eu fosse apenas uma criança inocente.
O homem fez um sinal com o dedo, e um sujeito corpulento veio correndo na minha direção. Ele parecia ser o tanque do grupo e flexionou seus braços enormes antes de se aproximar. Parecia que estava pedindo para ter os braços cortados, mas meus olhos se arregalaram quando minha espada ricocheteou com um clangor metálico! Os braços do homem se solidificaram como uma armadura reforçada, e me surpreendi ao ver faíscas voando no impacto.
O nível dele parecia ser bem alto.
Eu poderia ter atacado suas pernas enquanto ele continuava me pressionando, mas interromper aquela investida não seria uma tarefa fácil. Antes que eu percebesse, a beira do penhasco estava logo atrás de mim.
— Haha! Cai fora, seu merdinha!
— Ah, tá bom. Até mais.
Ele jogou todo o peso do corpo num último golpe, investindo contra mim... mas passou direto, despencando sozinho do penhasco. Os outros bandidos olharam boquiabertos enquanto o "eu" que havia sido atingido se distorcia, como uma pintura se dissolvendo na água, e então desaparecia no ar.
Essa era minha principal habilidade final, Phantom Image, que me permitia criar uma ilusão de mim mesmo. Provavelmente, era daí que vinha o nome da minha classe, Espadachim Ilusório.
Reprise, que me permitia memorizar e repetir certos movimentos; Over the Road, que me deixava viajar pequenas distâncias; Phantom Image, que criava uma ilusão de mim. Essas eram minhas três principais habilidades de combate.
Um estrondo alto soou, e areia subiu ao ar quando o homem aterrissou, chamando a atenção do monstro. Os bandidos e eu soltamos um "ah!" ao mesmo tempo. O homem que caiu começou a correr do monstro, e o chão tremeu enquanto a criatura o perseguia.
Boa sorte para não morrer, pensei.
Quanto mais tempo o monstro passasse atrás dele, mais fácil seria para Marie.
Havia um grande buraco arredondado na montanha que descia até o nível do solo. O oásis era cercado por falésias íngremes, com construções que antes eram moradias ainda espalhadas pelas superfícies das paredes. Esse era o cenário da batalha desta vez e, para ser sincero... era tão vantajoso para mim que eu quase me sentia mal.
— Ei, ele está atrás de você! Mata ele!
— Aaaaaargh!
Surgi silenciosamente atrás de um dos bandidos, e outro gritou para avisá-lo. Contra um oponente tão evasivo como eu, tudo o que podiam fazer era tentar vigiar as costas uns dos outros.
O homem se virou e balançou sua espada larga de forma descontrolada, mas eu já havia girado no ar, perfurando seus pés enquanto desviava de duas flechas ao mesmo tempo. Uma flecha passou zunindo pelo meu rosto, mas aproveitei todo o impulso da minha rotação para golpear com a lateral da espada o topo da cabeça do adversário. Um estalo alto ecoou, e os olhos do homem reviraram. Enquanto ele desmoronava, avistei um homem alto se aproximando das sombras, empunhando uma lâmina em cada mão. Lutar contra alguém que estava preparado para me enfrentar parecia trabalhoso, então deixei uma ilusão e desapareci antes que outra flecha fosse disparada contra mim.
Havia pontos seguros por toda parte para onde eu podia me mover sem que meus inimigos me seguissem, então pude desfrutar dos gritos frustrados deles ao perceberem que haviam atacado outra ilusão. Eles rugiam e exigiam saber onde eu estava, mas tudo o que eu poderia dizer era que estava em um dos muitos prédios próximos. Mas, é claro, eu não disse nada em voz alta.
— O terreno não é dos melhores com tudo tão desgastado, mas se eles descerem para o nível do solo, terão que lidar com os monstros. Esse oásis é um bom campo de caça, então eu gostaria de caçá-los um por um.
Ainda assim, as ações do líder me chamaram a atenção. Sem nem me olhar, ele apenas observava o monstro gigante se debatendo pelo oásis. Não parecia que ele estava apenas me subestimando, considerando que tinha dois homens protegendo suas costas.
— ...Estou com um mau pressentimento. É por isso que eu não gosto de lutar contra outros humanos.
Meu Reprise me permitia memorizar padrões de movimento, mas tinha seus limites. À medida que o número de inimigos e os truques deles aumentavam, ficava cada vez mais difícil usar essa habilidade com eficácia. Era mais útil contra monstros de mente simples do que contra humanos.
Eu considerei ir com tudo e me jogar contra eles, mas o líder gritou de repente:
— Ali, a elfa está escondida atrás daquela pilastra! Homens, peguem ela!
Então, me ocorreu: Ele não estava observando o monstro. Ele devia estar usando alguma habilidade de detecção para encontrar Marie através do Luminous Veil.
Os bandidos estavam sedentos por sangue quando saltaram do prédio, sem nem temer o monstro gigante à frente.
Enquanto os via partir, minha autoconfiança começou a desaparecer rapidamente. Marie era uma usuária de magia, e uma de nível baixo, para piorar. Ela não conseguiria se defender contra atacantes corpo a corpo. Fiquei tão atordoado que nem percebi que o líder havia elevado a voz de propósito para me fazer agir.
— Eu não posso deixar vocês fazerem isso. Over the Road!
Eu não tinha escolha a não ser derrubar todos eles. Movi-me rapidamente para a frente deles e me preparei para atacar, quando o líder gritou mais uma vez.
— Agora! Queimem ele inteiro!
— O quê...?
Meu entorno foi instantaneamente engolido por um mar de chamas, e uma onda de calor escarlate envolveu a mim e os capangas dos bandidos. A superfície da minha pele começou a queimar, e eu imediatamente percebi o perigo e segurei a respiração. Se não o fizesse, as chamas entrariam nos meus pulmões e me carbonizariam por dentro. De certa forma, a experiência de ser morto por monstros tantas vezes no passado pode ter sido o que me salvou.
— Gyaaaaaa!
Mas as coisas terminaram mal para os outros, que não estavam acostumados a situações como essa. Os capangas agarraram suas cabeças enquanto corriam para a beira do penhasco. A visão deles caindo enquanto eram consumidos pelas chamas era horrível o suficiente para me assombrar em pesadelos.
Rolei pelo chão para escapar do calor infernal, mas logo percebi que havia algo errado com meu braço direito.
— Ugh, um debuff!
Meu braço ainda queimava, sofrendo os efeitos negativos temporários que reduziam o poder dos meus ataques de espada pela metade. Para uma habilidade de fogo ter um efeito de debuff, o conjurador devia ser especializado nesse elemento ou simplesmente poderoso demais.
— Hahaaa! Corra o quanto quiser, moleque, mas é fácil lidar com você se eu souber para onde vai!
Olhei para cima e vi os homens dele apontando cajados na minha direção. Então era isso... eles estavam escondendo o fato de que tinham feiticeiros entre eles o tempo todo. Isso foi surpreendentemente astuto da parte deles. Talvez eu os tenha subestimado, achando que eram apenas um bando de bandidos esfarrapados.
— Ainda tem energia para lutar, hein? Ei, pivete, quer que eu adivinhe onde você vai aparecer a seguir? Bem aqui. Você vai surgir bem ao lado desse meio-besta... Mandem queimar ele.
Meus olhos se arregalaram com aquelas palavras, e vi os homens virarem seus cajados em direção ao meio-besta.
Isso era ruim. Eles haviam tomado o controle da situação, e minhas opções estavam ficando cada vez mais limitadas.
— Então foi por isso que ele sacrificou os próprios homens para me atingir...
Se ele tivesse mirado no meio-besta desde o início, eu provavelmente teria achado que era um blefe. Mas agora, ele tinha deixado claro que faria qualquer coisa para conseguir o que queria, mesmo que isso significasse matar sua própria fonte de renda. Além disso, ele ordenou que seus homens mirassem no meio-besta imediatamente, me forçando a agir sem tempo para pensar.
O que eu deveria fazer? O que ele faria se eu ignorasse o caminho que ele traçou para mim? A resposta era óbvia: ele mostraria sua brutalidade machucando a criança o suficiente para deixá-la à beira da morte. Ele me colocou na pior situação possível sem perder nada em troca. A partir daí, poderia me forçar a fazer o que quisesse, sem pressa.
— ...Over the Road.
Com um profundo desprezo pelo mal diante de mim, apareci na frente do meio-besta. Deslizei pelo telhado de pedra e olhei para cima, ainda ajoelhado. O líder dos bandidos me encarava com uma expressão levemente surpresa.
Seus olhos estavam semicerrados, e ele exibia um sorriso que lembrava o de uma serpente. Provavelmente estava decidindo se me engoliria inteiro ou se brincaria comigo antes.
— Eu já sei que sua habilidade tem um limite de peso. Se não tivesse, você já teria fugido com o meio-besta. Estou errado? Não estou, né?
— ...
Ele estava certo. Eu não podia ativar minha habilidade por causa das suas restrições. Trayn, o Guia da Jornada, era uma coisa, mas Over the Road tinha um limite de peso bem rígido.
Naquele instante, mais um caminho foi fechado.
O meio-besta, apavorado, agarrou minha roupa com olhos suplicantes. Naquele momento, meu Over the Road ficou completamente desativado. E como meu braço ainda estava queimado, o debuff temporário ainda estava em efeito. Mesmo que eu pegasse o garoto e pulasse do prédio, minhas costas seriam um alvo fácil para os feiticeiros deles. Eu já sabia, por experiência própria, que essas opções desesperadas raramente acabavam bem.
O líder dos bandidos apontou sua espada larga para mim. Eu tinha a sensação de que seu nível era absurdamente alto e que ele poderia cortar meus membros fora com um simples movimento de pulso.
— Haha, finalmente desistiu, garoto? Jogue sua espada fora. Agora.
— Claro. Aqui está.
Joguei-a de lado sem hesitar. O olhar do homem foi atraído para minha espada, que girou no ar enquanto caía lentamente.
Será que ele se perguntou por que desisti tão fácil? Ou talvez estivesse tão animado com o que viria a seguir que nem pensou nisso.
Se o problema era o limite de peso, tudo o que eu precisava fazer era...
Descartar minha espada e carregar a criança em seu lugar.
Isso me deixou logo abaixo do limite de peso, permitindo que eu escapasse para o espaço vazio no prédio do outro lado. Com esse peso, provavelmente era o mais longe que eu conseguiria ir.
— Segure firme! — gritei, arrependendo-me no mesmo instante.
No momento seguinte, percebi que havia vinte metros entre mim e o chão abaixo. A simples noção da distância fez o suor escorrer por todo o meu corpo. Fiquei livre da gravidade por uma fração de segundo e, então, o cenário ficou borrado enquanto eu entrava em queda livre. Gritei, sentindo pena do meio-feral que se agarrava a mim, pois eu não conseguia ativar Over the Road naquele momento. Um dos requisitos para ativá-lo era ter ambos os pés no chão, então essa opção estava fora de questão. Tudo o que pude fazer foi segurar a criança nos braços e me preparar para o impacto.
— Aaahhh, droga! Minha Pedra Mágica! O que vocês estão esperando? Peguem eles!
Ouvi o líder dos bandidos gritando antes de ser atingido por um impacto repentino e violento. Meu corpo foi jogado contra o chão arenoso, e senti minha vida escoando por entre os dedos. Mas, ao mesmo tempo, mal conseguia enxergar por conta da nuvem de areia levantada no ar. Estava entorpecido demais para me mover, mas sabia que precisava me levantar e sair dali o quanto antes. Mesmo tendo reduzido bastante os números deles, o inimigo ainda poderia atirar em mim à distância.
Cerrei os punhos na areia e, com esforço, consegui me sentar. A criança se agarrava ao meu peito, tremendo.
— Wah?!
— Ah, que bom que você está bem... mas precisamos sair daqui rápido...
Fiquei aliviado ao vê-lo sem ferimentos e me levantei com dificuldade.
Mas, como se zombasse do meu esforço, uma sombra se ergueu sobre nós. Eu sabia que era o monstro antes mesmo de olhar para cima, e não pude evitar expressar meu assombro antes que o medo me dominasse.
— Nossa... Que enorme...
Tive que inclinar o pescoço para conseguir encará-lo.
Incontáveis olhos me fitaram enquanto ele voltava seu rosto aterrorizante na minha direção. Tentáculos se contorciam onde parecia ser sua boca. Lutei para permanecer consciente enquanto o monstro respirava sobre mim. Seu hálito era abrasador, levantando ainda mais areia no ar.
Apesar da visão horrenda à minha frente, o céu permanecia de um azul claro e sereno...
Isso era ruim. Eu não podia morrer ali, e não podia usar minha habilidade de mobilidade de longa distância para fugir com a criança, já que Marie ainda estava no oásis.
Grk, grrrk... Grrrark...
Mas nada aconteceu, e inclinei a cabeça confuso. Eu esperava ser engolido por uma explosão de areia fervente, como antes. Ou então, pensei que ele fosse me esmagar com seu corpo colossal.
Olhamos para ele, desconfiados, mas o monstro lentamente estendeu seus tentáculos em nossa direção. Não havia hostilidade em seus movimentos — parecia mais que estava procurando por algo.
Então me dei conta de que o monstro apareceu por causa do catalisador mágico que a criança segurava. Lembrei-me dos bandidos gritando sobre a Pedra Mágica. O meio-feral ainda a segurava com força contra o estômago, mesmo depois da queda.
— Não me diga que isso é a Pedra Mágica? Ouvi dizer que ela desapareceu há muito tempo.
A criança nos meus braços olhou para mim em resposta. Não conseguia ver sua expressão sob o capuz, mas seus olhos piscavam repetidamente, límpidos como mármore.
— Já ouvi essa história. Meus ancestrais a desenterraram, e o monstro antigo que veio atrás dela destruiu o Pico Ujah.
Voltei a olhar para o monstro, que estendia seus tentáculos em nossa direção. Não sabia o quão importante esse item era, mas aquele monstro estava à sua procura havia duzentos anos.
Foi então que minha visão foi preenchida por uma luz quente. Olhei para baixo e vi que o brilho azul-esbranquiçado vinha da Pedra Mágica. Ela iluminava tudo ao redor com um brilho cintilante, e não pude evitar encará-la, apesar da situação. Havia um calor misterioso naquela luz, e eu ouvia algo parecido com uma batida de coração — cheia de vida.
O meio-feral ergueu os olhos para mim, parecendo pedir permissão para algo. Ele queria devolver a Pedra Mágica, a origem dessa tragédia.
— ...Não se preocupe comigo. Faça o que quiser.
Ele assentiu e ergueu a Pedra Mágica com ambas as mãos.
— Me desculpe por chamá-lo esse tempo todo. Agora devolvo a Pedra Mágica passada por meus ancestrais.
O monstro começou a se mover ainda mais devagar ao ver a pedra irradiando energia cintilante. Finalmente, seus tentáculos a envolveram, como se tivesse encontrado o que tanto buscava.
Grrrk!
Ao rugir novamente, quase parecia estar tremendo de alegria. O monstro soltou um urro e sacudiu seu corpo imenso antes de afundar na areia.
O solo estremeceu, e uma tempestade de areia se ergueu. Segurei a criança contra mim e ficamos abaixados até que o tremor cessasse.
Quando tudo se acalmou novamente, um silêncio absoluto tomou conta do lugar. Lentamente, nos levantamos — e o que vimos foi surpreendente. Apesar do meu cansaço, meus olhos se arregalaram diante da visão à nossa frente.
— Isso poderia ser... um labirinto subterrâneo?!
O buraco gigantesco era tão profundo que não conseguíamos ver o fundo, e um caminho em espiral descia cada vez mais para o subsolo. O ar que emanava dele era inconfundível — tinha o mesmo sentimento de um labirinto subterrâneo.
O que... acabou de acontecer?
Entregar a Pedra Mágica ao monstro revelou um labirinto subterrâneo completamente desconhecido? Nunca tinha visto ou ouvido falar de algo assim.
Permanecemos ali, atordoados, sentindo o vento subir daquele buraco como o sopro de uma era antiga. Isso também me lembrou de algo...
A catástrofe que ocorreu séculos atrás.
— Então esse é o motivo pelo qual o Pico Ujah foi destruído... A busca pela Pedra Mágica acabou levando ao labirinto subterrâneo proibido.
A criança olhou para mim, surpresa. Seus olhos, semelhantes aos de um animal, estavam arregalados, preenchidos por espanto e uma leve centelha de esperança.
Ninguém sabia o porquê, mas o fato era que um labirinto subterrâneo havia surgido. Se nos aventurássemos por ele, talvez pudéssemos desvendar o mistério tanto da Pedra Mágica quanto do passado esquecido dessa cidade.
Um arrepio percorreu minha espinha ao pensar no mundo inexplorado à nossa frente, quando finalmente percebi duas coisas. A primeira era que aqueles bandidos imundos ainda estavam vindo em nossa direção. A segunda era que Marie havia desativado seu Véu Luminoso e também estava vindo até nós.
— Huff... huff... O que foi isso? Ouvi um barulho alto...
— Hmm... Explico depois. Quero sair daqui o mais rápido possível antes que aqueles bandidos nos alcancem. Concorda? — perguntei à Marie, que suava profusamente. Seus olhos se arregalaram quando ela também os percebeu. Sem hesitar, nos mandou sair dali o quanto antes.
A criança era incrivelmente leve, então para nós três não seria um problema.
— Pois bem, adeus a todos. Trayn, o Guia da Jornada.
— Aaa—
As vozes ásperas ecoaram enquanto descíamos para um mundo abaixo. Aquele mundo não era gerido por mãos humanas — era o domínio do deus das viagens, sem restrições impostas por ninguém.
A única coisa diferente daquela vez era que eu não conseguia me mover tão livremente, já que estava segurando alguém de cada lado. De qualquer forma, já fazia um tempo desde que senti alívio ao entrar naquele mundo de completa escuridão.
E ainda assim, havia algo que me preocupava...
Será que um elfo e um meio-besta poderiam se dar bem? Os elfos valorizavam a pureza, e alguns deles expressavam desprezo por aqueles de sangue dito impuro...
Naquele momento, um vento suave ergueu as roupas da criança, fazendo o capuz que cobria seu rosto cair. Ele tinha duas orelhas pontudas e olhos que pareciam mármore. Seu corpo era inteiramente coberto por pelos, mas o que chamou a atenção de Marie foi outra coisa.
— Gato?!
A criança de olhos redondos pertencia à tribo Neko. Os olhos de Marie brilharam ao ver sua aparência adorável, e ela soltou um animado “own!”.
Acontecia que essa era a espécie que ela mais amava no momento. Fiquei surpreso com a coincidência desse encontro. Minhas preocupações se mostraram desnecessárias, e me senti aliviado ao perceber que a elfa cuidaria bem dele.
— Certo, agora só falta reportarmos aqueles bandidos. Depois disso, vamos comer algo gostoso.
Marie segurou a criança Neko nos braços e concordou com o plano.
Foi uma sessão de level up bem movimentada, mas no fim conseguimos sair vivos. Quem poderia imaginar que seríamos atacados por monstros e bandidos, encontraríamos a lendária Pedra Mágica e ainda descobriríamos um novo labirinto subterrâneo?
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A tempestade de areia se dissipou, e o desmonte do acampamento começou. Os membros do grupo puxavam a lona meio enterrada e a dobravam com precisão. Cada um deles carregava um brasão em seus equipamentos. Areia havia se infiltrado por dentro e por fora de suas roupas, mas eles continuavam seus afazeres sem alterar suas expressões.
Entre eles, havia uma figura peculiar. Essa pessoa era mais baixa que os demais e não ostentava nenhum brasão em sua vestimenta. Seu cabelo e olhos negros deixavam claro que não era dali, o que tornava ainda mais estranho vê-lo caminhando ao lado do líder do grupo, na linha de frente.
O líder falou:
— Entendo... Deve ter sido um desastre para a tribo Neko. Eles são um povo tímido, então deve ter sido uma experiência aterrorizante.
— Sim, e os bandidos tomaram conta do oásis. Parece que, por acaso, descobriram que a pedra pode invocar a fera, e isso resultou em muitas vítimas.
Havia mais de dez pessoas caminhando pelo deserto, todas responsáveis por manter a paz. Havia diferenças de altura entre adultos e crianças, mas, surpreendentemente, foi um pequeno aventureiro que havia resolvido o recente incidente e ainda descoberto um labirinto.
— Portanto, peço que protejam esse membro da tribo Neko, conforme prometido.
— Não precisa ter pressa. Primeiro, preciso verificar se o labirinto realmente existe antes de falarmos sobre proteção.
Se o boato sobre o novo labirinto fosse verdadeiro, a posição de Mewi, o membro da tribo Neko, mudaria drasticamente. E se fosse possível extrair mais Pedras Mágicas, a habilidade de Mewi em refinar catalisadores mágicos se tornaria extremamente valiosa para o país.
Mas tudo isso ainda era apenas um relato de um garoto desconhecido. Podia ser uma mentira ou um simples engano, por isso o líder ainda demonstrava ceticismo.
O garoto, em resposta ao tom indiferente do homem, puxou a cobertura de sua roupa até o nariz e seguiu caminhando em silêncio. Ele claramente não sabia lidar com adultos.
Essa região ainda estava fora do alcance de aventureiros e guildas. A descoberta de um novo labirinto faria com que a autoridade local agisse primeiro, já que ainda era incerto se aquilo traria riquezas imensuráveis ou um perigo avassalador. Se houvesse tanto riqueza quanto perigo, aí sim a Guilda dos Aventureiros seria chamada para intervir.
Mewi, o membro da tribo Neko, havia relatado os detalhes no dia anterior. Seus tendões dos pés haviam sido cortados, e ele estava sendo tratado junto com uma garota elfa no país do deserto. Era lamentável, mas provavelmente ele não conseguiria andar por um bom tempo.
O vento uivava das profundezas da terra. O enorme buraco no canto do oásis jamais seria inundado, mesmo estando próximo de uma veia d’água. Seu fundo era invisível, mesmo sob a luz do sol, e o vento que subia de suas profundezas trazia um ritmo peculiar.
Era como se a civilização, dada como extinta há muito tempo, estivesse despertando mais uma vez.
— Não pode ser... Não, não há dúvidas. É um labirinto subterrâneo!
— Quantos anos se passaram desde que um foi descoberto aqui no país de Arilai? E olhe só, um monstro de nível tão alto... e isso é só a entrada!
O grupo se exaltou com as descobertas. Mas, no meio dos comentários empolgados, o garoto apenas se ajoelhou e fitou o chão arenoso em silêncio.
Havia muitas pegadas ali. Seguindo seu rastro, encontrou um objeto familiar.
Como esperado, era sua espada perdida. Quebrada ao meio, parecia deixar um aviso: “Isso será você da próxima vez que nos encontrarmos.”
As pegadas continuavam até o enorme buraco do labirinto antigo. Isso só podia significar uma coisa...
— Malditos bandidos... Então finalmente entraram no labirinto — murmurou o garoto.
A situação já era complicada o bastante, mas agora precisavam se preocupar também com os bandidos.
Seu coração pulsava forte, como o tambor de uma canção ancestral.
Mas, ao olhar para o abismo, o garoto esboçou um leve sorriso.
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