Capítulo 21 — Erosão
A espada negra que tinha parasitado meu braço direito se movia por conta própria, abatendo um monstro após o outro, sem se importar com a minha vontade.
Eu não fazia ideia da verdadeira natureza daquela espada, mas graças a ela, eu conseguia sobreviver. Por ora, não tinha escolha senão confiar nela.
Avancei mais fundo na masmorra, fazendo pausas pelo caminho.
— Acho que este é o cômodo do subchefe — parei em frente a uma grande porta.
Lembrei que, quando havia explorado com a Agetha, um subchefe apareceu depois de passarmos por uma porta assim. Naquela vez, enfrentamos um golem de pedra.
Dessa vez, escolhi um círculo de teleporte diferente e avancei por outro caminho, então havia uma boa chance de encontrar um monstro diferente. Bem, de qualquer forma, vamos entrar.
— Screeeeeeeeech!
Um grifo gigante soltou um grito estridente.
Pelo visto, o subchefe daqui não era o mesmo golem de pedra.
Como de costume, a espada negra se moveu sozinha. Eu apenas me concentrei em não interferir no movimento livre dela.
E antes que eu percebesse, o grifo gigante já havia sido derrotado pela espada negra.
— …Parece que ela ficou maior.
Olhei para a espada negra e pensei nisso.
No começo, ela devia ter o tamanho de uma espada comum, mas agora parecia claramente maior.
Além disso, antes ela se transformava a partir da ponta do meu braço… agora, se transformava desde o final do meu ombro.
Era como se meu próprio corpo estivesse sendo consumido.
— Isso não é bom, né?
Eu estava preocupado, mas não havia muito o que eu pudesse fazer. Então, não tive outra escolha a não ser continuar avançando.
◆
Depois disso, a espada negra continuou a derrotar monstros, um após o outro.
E, à medida que os derrotava, a espada negra crescia. Com esse crescimento, ela ficava mais pesada.
Arrastá-la enquanto caminhava estava ficando cada vez mais difícil.
Quando monstros apareciam, a espada se movia sozinha, mas, com o aumento do seu volume, a força com que me puxava também ficava mais violenta.
Era como se a espada estivesse me arrastando brutalmente como uma carroça, derrotando qualquer coisa no caminho.
Por causa disso, meu corpo estava num estado horrível, com sangue escorrendo dos arranhões profundos.
— Isso tá ficando sério…
A espada negra já tinha consumido metade do meu corpo. E, de alguma forma, olhos amarelos haviam surgido nela. Aqueles olhos observavam o ambiente de forma inquieta.
— Um beco sem saída…
Eu vinha descendo para os andares inferiores havia um tempo, mas acabei chegando a um beco sem saída.
Não sabia para onde mais ir.
Foi então que encontrei um círculo de teleporte.
Hmm… parece que consigo seguir em frente se pisar aqui.
— Ah, eu achei meio estranho… mas então você acabou parasitando um aventureiro. E, pelo visto, já cresceu bastante também.
No lugar onde fui teletransportado, estava Judite, a vampira.
— O que exatamente tá acontecendo aqui?
— Oh, então sua consciência original ainda está intacta — ela disse, surpresa.
— Então, o que te trouxe até aqui? Naturalmente, deve ser para eliminar a espada parasita que tomou conta do seu lado direito, certo?
— Espada parasita…?
— Fantoche Parasítico de Vísceras e Maquinação. O que você tem aí está parasitando pessoas e devorando monstros para crescer. É uma entidade extremamente perigosa. Achei que estava tudo bem, já que quase ninguém vem pra essa masmorra… mas, bom, sempre tem exceções, né?
— Então você quer dizer que vai me matar agora?
— Isso mesmo. Você entende rápido, hein?
Enquanto dizia isso, Judite arrancou o próprio braço esquerdo com a mão direita.
Logo em seguida, uma explosão de sangue jorrou do ponto onde o braço foi arrancado.
O que…? Pensei por um momento, mas o sangue que jorrava dela rapidamente se reuniu e solidificou.
Do ombro arrancado, surgiu um novo braço feito de sangue.
O braço esquerdo arrancado moldou o sangue no formato de uma lâmina, transformando-se numa enorme espada carmesim.
— Então, por favor, morra.
Dizendo isso, ela balançou a grande espada feita de sangue.
No entanto, o Fantoche Parasítico de Vísceras e Maquinação não estava disposto a perder.
Em resposta aos ataques impiedosos de Judite, ele também resistia com força.
— Que tal usar um truquezinho?
Dizendo isso, ela jogou o braço esquerdo arrancado direto para o alto.
No instante seguinte…
Aquele braço explodiu.
— Chuva Torrencial Carmesim!
Ao mesmo tempo da explosão, espinhos feitos de sangue choveram sobre mim.
Perfurei meu corpo com incontáveis buracos.
— Eu não queria usar essa técnica, já que deixa meu braço esquerdo inutilizável por um tempo… mas fazer o quê.
No momento em que ela disse isso, minha vida chegou ao fim.
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