Capítulo 23 – Vamos tentar negociar?
O número de tentativas já está por volta da quingentésima trigésima.
Tentei inúmeras vezes encontrar uma estratégia que usasse a Espada Parasita sem desistir.
Sim, inúmeras vezes.
Não importava o que eu fizesse, no fim das contas, acabava morto pelas mãos da vampira Judite.
Bem… não dá pra dizer que isso acontecia sempre.
Quando a Espada Parasita crescia até certo ponto, minha consciência sumia.
Talvez... talvez meu corpo estivesse sendo completamente dominado pela Espada Parasita evoluída.
Ou seja, mesmo que eu conseguisse derrotar a vampira Judite, não adiantaria nada se a espada tomasse conta de mim.
— Por que você tá aqui…?
Dessa vez, minha consciência ainda não tinha sido engolida pela Espada Parasita.
Foi nesse momento que a vampira Judite apareceu de novo, bem na minha frente.
Sem pensar muito, perguntei. Não tinha uma motivação profunda. Depois de tantas lutas, meu espírito estava exausto.
Mesmo que ela fosse a pessoa que me mataria mais uma vez… eu queria trocar algumas palavras.
Fiquei curioso sobre o motivo de ela viver nesse calabouço. Só isso.
— Nossa, que grosseria, não? Essa sua atitude não combina com alguém que se dirige à grande vampira Ancestral Verdadeira.
Grosseiro…
Agora que penso bem, da primeira vez que nos encontramos, ela me chamou de “grosseiro” e me matou.
— M-me desculpa. É que eu sou só um caipira mesmo. Será que poderia me iluminar? Quem exatamente é você, e por que está aqui?
Perguntei tentando ser o mais educado possível.
— Hmph. Como presente de despedida para a vida após a morte, eu te contarei. Eu sou Judite, a vampira ancestral verdadeira. A mais pura existência deste mundo.
Depois de dizer isso… fui morto.
◆
— Acho que já era mesmo…
Murmurei com um tom de derrota, tendo retornado mais uma vez da morte.
Quantas vezes eu já tinha tentado conquistar o calabouço usando a Espada Parasita? Não importava quantas, sempre acabava sendo morto pela vampira Judite.
Houve momentos em que a vitória parecia estar ao meu alcance.
Mas nessas ocasiões, a Espada Parasita sempre tomava o controle completo da minha consciência.
Quando isso acontecia, eu virava uma coisa… grotesca demais até pra descrever.
Nesse estado, mesmo se eu conseguisse sair do calabouço, provavelmente não teria mais sentido.
Acho melhor desistir de usar a Espada Parasita pra essa conquista.
Porém… também não consigo pensar em nenhuma alternativa melhor.
Bem… tinha uma ideia que eu estava considerando há algum tempo.
— Talvez eu devesse tentar negociar com a vampira Judite.
No começo, quando nos encontramos, achei que era impossível ter qualquer tipo de conversa com uma criatura monstruosa como ela.
Bom, minha impressão também não mudou tanto assim… mas havia uma pequena esperança de que alguma conversa pudesse ser possível.
— Não custa tentar, né…
Era uma vida que já tinha morrido centenas de vezes.
A essa altura, morrer de novo já não fazia tanta diferença.
◆
Do outro lado do segundo círculo de teleporte, a vampira Judite estava elegantemente desfrutando de um chá, sentada à mesa com uma cadeira posta à sua frente.
— Nossa, que surpresa. Invasores chegando até aqui. Então… o que te traz a este lugar?
Lembrei que já tinha ouvido essa pergunta antes.
Sim, ela não era do tipo que atacava sem nem dizer “oi”. Sempre começava com uma conversa assim.
Isso talvez fosse um sinal de que havia espaço para negociação.
— Grande vampira ancestral verdadeira, Lady Judite, tenho um pedido a fazer.
Disse isso ajoelhando e abaixando a cabeça.
— Por favor, me aceite como seu discípulo.
Acreditava que tinha cumprido o mínimo de cortesia exigida.
Agora… como ela iria reagir?
— Kihhihi… meu discípulo, é? Que proposta interessante.
Ela respondeu com um sorriso enviesado.
Fiquei até surpreso com a reação. Foi melhor do que eu esperava.
“Me aceite como seu discípulo.” Para escapar desse calabouço, eu precisava ficar mais forte. Por isso cheguei à conclusão de que me tornar discípulo da vampira Judite talvez fosse o caminho.
— E que tipo de benefício eu teria aceitando você como meu discípulo?
— Benefício…?
— Sim. Eu acredito firmemente em nunca fazer nada que não me traga algum tipo de vantagem.
Mesmo que ela dissesse isso, eu não conseguia pensar em nenhum benefício imediato que ela teria ao me aceitar como discípulo.
Ainda assim, eu precisava dizer alguma coisa.
— Se me aceitar como discípulo, serei seu servo leal, obedecerei qualquer ordem. Sem dúvida serei muito útil, então por favor, eu imploro!
Disse isso, abaixando a cabeça mais uma vez.
Era a única prova de lealdade que consegui pensar.
— Que tédio.
— …Hã?
No instante seguinte, Judite me cortou com uma lâmina feita de sangue recém-retirado de seu próprio pulso.
E assim, minha vida chegou ao fim.
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