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Chapter 31 – Não brinque comigo

Capítulo 31 – Não brinque comigo

— Quero dizer, meu corpo nu.

Ela disse isso, e levou alguns segundos até eu perceber que meus pensamentos haviam congelado.

— Se eu disser que quero ver, você realmente me mostraria?

— Bem, sim… eu acho que sim.

Tardiamente, ela pareceu corar levemente, como se estivesse envergonhada.

Por outro lado, eu observava a situação de forma um tanto distante, como se aquilo estivesse acontecendo com outra pessoa.

O que me veio à mente foram duas pessoas: minha amada Namia e o suicídio da Agetha.

Tendo Namia no meu coração, não conseguia deixar de sentir certa resistência com essa situação.

Mas se eu a rejeitasse… temia que algo parecido com o que aconteceu com Agetha se repetisse.

Então, nessa situação, o que eu deveria fazer?

— Ei, Judite-sama. Você se lembra de quando nos conhecemos?

— O que isso tem a ver com alguma coisa?

— É que eu tenho um propósito, sabe?

— Ah, sim, eu me lembro.

Quando nos conhecemos, eu mencionei meu desejo de vingança contra os aldeões. Ela achou divertido.

— Eu não acho que minha vida atual seja tão ruim assim.

Apesar de não podermos sair da masmorra, nossa situação não chegava a ser um verdadeiro sofrimento.

Se eu tivesse que apontar uma reclamação, seria a comida medíocre.

— É por isso que eu tenho medo.

— Medo, é?

— Se eu continuar levando essa vida confortável do jeito que está… meu desejo de vingança pode acabar desaparecendo.

Na época em que eu era morto repetidamente pelo urso blindado Bugbear, eu amaldiçoava meu destino.

Eu odiava os aldeões que me colocaram nessa situação com todas as minhas forças.

Mas e agora?

Eu me tornei forte o bastante para derrotar monstros, e ainda tem uma garota fofa por perto. Se eu continuar me entregando a essa vida, vai acabar ficando confortável demais… a ponto de eu esquecer da minha vingança.

— Eu gosto de você, Judite-sama. Mas me desculpa. Agora, a gente não pode ter esse tipo de relacionamento.

Esse foi o melhor compromisso que consegui fazer por enquanto.

A palavra “gostar” não era mentira. Eu realmente acreditava que gostava da vampira Judite. Mas pra seguir em frente, eu precisava resolver várias coisas antes.

— Entendo.

Ela tinha uma expressão compreensiva.

Que alívio. Parece que ela realmente me entendeu.

— Então, a gente continua depois que sua vingança terminar.

Dizendo isso, ela me colocou numa posição em que podia me cobrir e…

— Mmm.

…me beijou.

Foi um beijo longo.

Acho que nossos lábios ficaram colados por quase um minuto.

— U-um… por favor, para. Eu não vou conseguir resistir.

— Não é como se eu me importasse em continuar assim.

Na minha linha de visão, eu podia ver o decote da Judite.

Era realmente hipnotizante.

— Não me tenta desse jeito.

— Então quer dizer que olhar pro meu corpo te deixa animado, hein?

Dizendo isso, Judite se deitou sobre mim, o peso do corpo dela pressionando o meu.

Eu podia sentir o calor dela, e as partes macias do corpo dela encostando em mim.

— Eu gosto de você, Kiska.

Dizendo isso, ela me beijou de novo.

Quando olhei nos olhos da Judite, tive certeza.

Os olhos dela mostravam claramente que ela estava no clima.

Mesmo que eu não estivesse sentindo o mesmo, ela definitivamente estava.

Concluí que, se eu deixasse ela continuar sem resistência, ela com certeza ia avançar.

Pensando nisso, tentei afastá-la com as duas mãos.

— Para, por favor!

Eu disse isso.

Mas ela era muito mais forte do que eu.

Então minha resistência foi completamente inútil.

— Mesmo dizendo isso com essa coisa enorme aqui, não me convence nem um pouco.

Ela disse isso com um sorriso selvagem no rosto.

O formato dos olhos dela era, sem dúvida, o de uma fera carnívora.

Não vai dar. Do jeito que as coisas estão, ela vai me dominar por completo…

Então eu ouvi um som — como se alguém tivesse sido decapitado.

Ao mesmo tempo, uma grande quantidade de sangue tingiu meu rosto de vermelho.

— Droga!

Essa foi a voz de uma terceira pessoa.

— Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não brinque comigo!

Vozes incessantes de ressentimento continuavam.

Cada palavra carregava rancor.

— Por que a Agetha é a errada e ela está tudo bem?

A garota que gritou isso encarava Judite com ódio.

— Agetha…

Sim, bem na minha frente estava a própria Agetha.

Por que a Agetha está na minha frente?

Ela deveria estar selada, incapaz de se mover.

Não, não é isso.

Houve uma vez em que ela apareceu. Quando me deu a habilidade “Salvar & Resetar”, ela surgiu diante de mim como uma sombra.

Mesmo agora, sua figura parecia mais nítida e substancial do que naquela vez, mas sua existência ainda era vaga e fantasmagórica. Se alguém a chamasse de fantasma, eu acreditaria — sua presença era tão incerta.

— Kiska, fuja, por favor! Ela é perigosa!

Ouvi o grito da Judite.

Olhando pra ela, sua cabeça e seu corpo estavam completamente separados, e a cabeça rolava pelo chão. Mesmo assim, ainda falava.

De fato, pode-se dizer que a vitalidade de um vampiro permite manter a vida mesmo quando sobra só a cabeça.

— Cale a boca!

Contudo, como se quisesse tripudiar ainda mais, Agetha se aproximou da cabeça da Judite e brandiu sua enorme espada.

Ela continuou golpeando várias vezes, esmagando o crânio da Judite em pedaços minúsculos, só pra ter certeza de que ela estava morta.

Antes que eu percebesse, a cena tinha se transformado num verdadeiro pesadelo.

Eu não consegui fazer nada.

A mudança repentina dos eventos me deixou sem reação.

O que eu deveria fazer?

— Kiska, eu te amo.

Ela murmurou, olhando pra mim.

Os olhos dela pareciam meio vazios. Sua expressão era completamente incompatível com as palavras “eu te amo”.

— É por isso que eu não vou deixar você ficar com outras mulheres.

— Hã?

Minha visão escureceu.

Só percebi que Agetha havia arremessado uma lâmina contra mim no momento em que soltei meu último suspiro.

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