Capítulo 32 – Você está bem?
— Haaah…
A sensação que desperta com força ao retornar da morte.
Não importa quantas vezes eu passasse por isso, nunca me acostumava com essa sensação.
— Pra qual ponto no tempo eu voltei…?
Como sempre, olhei ao redor para conferir.
Atrás de mim, havia vários corpos dos Ursobugurs Blindados.
— Haaah… haaah… haaah… haaah…
Minha respiração estava ofegante.
Isso indicava que a batalha tinha acabado de terminar.
— …Isso não pode ser verdade.
Eu não queria acreditar.
Será que tudo o que vivi nos últimos meses com a vampira Judite simplesmente… desapareceu?
Será que era isso mesmo? Tentei confirmar abrindo a tela de status.
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Kiska
Habilidade 1: Salvar & Reiniciar
Habilidade 2: Provocação Nv.1
Habilidade 3: Nenhuma
Habilidade 4: Nenhuma
Habilidade 5: Nenhuma
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Até pouco tempo atrás, as cinco habilidades estavam preenchidas. Agora… sumiram.
— Eu não quero isso… Eu não quero isso…
Todo o esforço dos últimos meses parecia ter sido em vão. Eu não queria aceitar aquilo.
— A-ah…
Fiquei parado ali por alguns minutos, em choque, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Queria entender por que vivi tudo aquilo até agora. O tempo que passei com a Judite passou diante dos meus olhos como uma imagem tremeluzente… e tudo voltou ao nada.
— …É isso. Eu devia ir vê-la.
Murmurei sozinho e comecei a andar cambaleando.
Eu ia ver a vampira Judite.
Talvez… talvez ela ainda se lembrasse de mim.
◆
A vampira Judite havia colocado uma mesa e cadeiras no meio do corredor da masmorra, segurando uma xícara de chá.
Tudo bem perder habilidades. Mesmo que eu perca os pontos de habilidade acumulados derrotando monstros, eu ainda consigo suportar.
Pelo menos, se ela ainda se lembrasse de mim…
— Oh, que inusitado. Invasores vindo até aqui — disse ela ao me ver, e foi nesse instante que percebi.
Ela havia esquecido de todos os meses que passamos juntos.
— Judite-sama, sou eu, Kiska. Você se lembra de mim…?
Mas ainda com um pingo de esperança, eu disse essas palavras.
Talvez, se eu dissesse meu nome, ela lembrasse de alguma coisa. Mesmo que fosse só um pouco.
— Sinto muito, mas não tenho a menor lembrança de alguém como você — disse ela, e foi só isso.
— A… Ah…
No momento em que percebi que toda a esperança tinha acabado, as lágrimas vieram naturalmente aos meus olhos.
Eu teria que começar tudo de novo. Do zero.
— Ugh… Aah…
Não dá. Meu espírito estava à beira de se despedaçar.
Senti uma exaustão tão profunda que queria simplesmente largar tudo.
— Você… está bem?
Olhei para cima. Judite-sama estava ali em pé.
Seus olhos pareciam confusos, mas mesmo assim, ela não conseguia simplesmente me ignorar. Então, relutante, falou comigo.
— Hm… a grande vampira Judite-sama, eu tenho um pedido.
É isso mesmo. Já fiz isso incontáveis vezes. Não importa quantas vezes meu espírito tenha sido quebrado… eu sempre me levantei de novo.
Eu não tenho permissão pra parar até completar minha vingança.
Então, vou começar de novo. Do zero.
— Por favor… me aceite como seu discípulo.
Dizendo isso, abaixei a cabeça.
Como será que ela vai reagir? Talvez a vampira Judite até me mate.
Mesmo assim, não importa quantas vezes, eu vou voltar aqui.
— …………
O silêncio durou alguns segundos.
Sem resposta?
Achei estranho e levantei a cabeça.
— Hã?
O sangue jorrava.
Alguém havia decepado a cabeça da vampira Judite pelas costas com uma lâmina.
Enquanto o corpo dela tombava para o lado, uma figura apareceu por trás.
Era a Agetha.
— Se você se aproximar de outra mulher… eu não vou te perdoar — murmurou ela, então balançou a lâmina em minha direção.
E eu morri.
◆
— Droga.
Resmunguei ao morrer mais uma vez.
O que eu poderia ter feito de diferente…?
— Que história é essa de “não vou te perdoar se se aproximar de outra mulher”? Eu não tô entendendo nada.
— Tá bom, entendi. Eu vou passar por essa masmorra sozinho.
Não perca seu propósito, Kiska.
Meu objetivo é conquistar essa masmorra e me vingar dos aldeões. A vampira Judite era apenas um dos meios pra isso. Com minhas habilidades atuais, eu deveria conseguir passar por essa masmorra por conta própria, sem depender da força dela.
Então, por agora, vou me concentrar em seguir em frente.
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