Capítulo 36 – Mais humano do que eu esperava
Quantas vezes eu já morri até agora? Pra ser sincero, não faço ideia. Nunca contei com precisão, então nem lembro direito, mas, com base na minha memória meio embaçada, acho que já tinha morrido umas 540 vezes antes de começar a luta contra as Armaduras Vivas Douradas.
Desde que comecei a enfrentar as Armaduras Vivas Douradas usando a Espada Parasita Marionetista, já morri mais nove vezes.
Ou seja, no total, isso dá mais ou menos 549 mortes.
Em outras palavras, essa aqui é a tentativa número 550.
— Marionetista — eu disse —, me empresta sua força.
Era mais uma daquelas negociações que já tinham acontecido inúmeras vezes.
— Pode deixar, Mestre — respondeu a Marionetista, animada.
— Hmm? Tem alguma coisa te incomodando, Mestre?
De repente, me peguei perdido em pensamentos. A Marionetista notou e me encarou com um olhar curioso.
— Não... Só percebi o quanto você tá ficando parecida com um ser humano.
Quando vi a Marionetista pela primeira vez, ela tinha uma aparência bem esquisita e não-humana. Mas agora… Como será que ela está? A silhueta parecia imitar um corpo humano.
Sim, a cada novo encontro, ela parecia cada vez mais humana.
— Hmm, eu não era assim no começo. Fui mudando de repente — comentou a Marionetista, também parecendo confusa com a própria transformação.
O que isso poderia significar?
“Salvar & Recomeçar” deveria resetar o tempo, certo? Reverter tudo. Mas a Marionetista tá ficando mais humana a cada vez que nos encontramos. Isso contradiz completamente a ideia de que o tempo está sendo reiniciado.
Será que o crescimento dela de alguma forma tá escapando do efeito do “Salvar & Recomeçar”…?
Mas não adianta ficar pensando demais nisso agora.
— Seu objetivo é se tornar mais humana? Se for isso, é uma coisa boa, né?
— Mestre! Como você sabia do meu sonho!?
— Só de olhar pra alguém, já dá pra sacar as ambições da pessoa.
— Oooh, não entendi direito, mas é meio impressionante!
Na real, eu só sabia porque já tinha ouvido isso antes.
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— É uma baita coincidência você saber da existência dessa sala secreta, Mestre.
— Do jeito que você falou, parece até que você também já sabia.
— Bom, é que, apesar da minha aparência, eu sou bem informada.
— Bom saber.
— Como alguém bem informado, aqui vai um conselho: com as habilidades que você tem agora, você vai morrer assim que entrar nessa sala.
— Infelizmente, eu já sei disso.
— Hmm, então tá com desejo de morte, é? Mestre, você é mesmo único.
Enquanto trocávamos provocações, entrei na sala secreta. Assim que coloquei os pés lá dentro, um total de vinte Armaduras Vivas Douradas surgiram.
— Lâmina negra.
Instantaneamente, uma lâmina negra surgiu na minha mão direita. Pensando com calma, percebi que já enfrentei batalhas bem piores quando lutei contra os dez Ursos-Bugbears Blindados. Naquela época, eu não tinha armas nem habilidades decentes. Mesmo assim, consegui sobreviver àquele inferno. Então seria estranho se eu não conseguisse lidar com os inimigos agora.
— Ei, seus lixos, venham com tudo!
Usei “Provocação” em todas as Armaduras Vivas Douradas. Como esperado, todas avançaram de uma vez.
Três segundos depois, dei um passo pra direita, desviando dos ataques. Então, girei o corpo e desci a espada de cima pra baixo. Isso me permitiu finalizar a Armadura Viva Dourada que tinha sido atingida por fogo amigo.
Isso mesmo, tudo saiu exatamente como eu planejei.
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Monstro derrotado confirmado.
Pontos de habilidade adquiridos.
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Primeiro já era.
— Uaaah, incrível, Mestre! Seus movimentos parecem prever tudo que o inimigo vai fazer!
— É que eu realmente tô prevendo.
— Não me diga que você tem o poder da precognição, Mestre!?
Mantendo a conversa com a Marionetista ao mínimo, me concentrei em derrotar os monstros.
— Ei, por que estão com tanto medo? O alvo tá bem aqui.
A batalha só estava começando.
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