Capítulo 41 — Ei, anda logo!
Desde que obtive o “Salvar & Reiniciar”, sinto que o valor da minha própria vida despencou.
Já não tenho mais sentimentos específicos sobre morrer.
Afinal, posso simplesmente recomeçar mesmo que morra.
Lembro que, no início, cada morte era enlouquecedora por causa da dor e da angústia mental, mas agora, estou mais acostumado do que naquela época.
Não posso dizer que estou totalmente tranquilo, no entanto.
Aos poucos, estou me acostumando a morrer — e só esse pensamento já me apavora.
Então, como me sinto ao matar outras pessoas?
— Olha, tem um humano ali.
Eu tinha trazido a marionetista comigo até um certo lugar.
Diante de mim, estava Agetha, que havia sido selada.
— Bem, mesmo que eu quisesse comer, não posso tocá-la porque ela está selada numa barreira poderosa.
— Não, eu posso quebrar essa barreira facilmente.
Até agora, consegui quebrar barreiras só com um toque, e deve funcionar dessa vez também.
— Entendo. Nesse caso, vá em frente.
Assim que ouvi isso, caminhei até Agetha, que estava selada.
...Será que isso está mesmo certo?
Pensei em várias coisas no caminho até aqui.
Qual delas eu deveria sacrificar: a vampira Judite ou Agetha?
Judite é uma entidade perigosa. Já fui morto por ela várias vezes. Então, não posso dizer que quero continuar com ela à solta.
Por outro lado, também tenho algumas boas lembranças com ela. Por isso, fico hesitante.
E quanto à Agetha?
Sinceramente, só tenho memórias ruins com a Agetha.
Porém, o número de vezes que ela me matou é bem menor comparado à Judite.
Achei que ela era inofensiva enquanto estivesse selada, mas por algum motivo, quando tive contato com Judite, o espírito da Agetha se separou do corpo e apareceu diante de mim como um espírito vingativo, tentando me matar.
Mesmo que eu não tenha mais intenção de me aproximar da Judite, e a chance de ser atacado assim de novo seja baixa, ela continua sendo uma ameaça.
Sim, por isso alimentar a Agetha para a marionetista é uma forma de eliminar uma possível ameaça futura e é absolutamente necessário para escapar dessa masmorra.
Então, o que estou tentando fazer não está errado.
— Por que você tá parado aí faz tempo?
Percebi, ao ouvir isso, que meus pés não estavam se movendo.
— Hah… hah… hah…
Notei que minha respiração estava ofegante. Meu coração estava acelerado já fazia um tempo.
— Mmm… Urgh…
Vomitei ali mesmo.
Continuei vomitando até não sobrar mais nada no estômago.
— Ei, anda logo.
A marionetista me apressou, impaciente.
Mas eu nem conseguia ficar de pé.
Por que estou me sentindo tão mal assim?
Será que estou sendo atacado por alguém? Não, não é isso. A Agetha não fez nada.
É só que... sinto como se estivesse sendo esmagado pela culpa.
Será que o ato de matar alguém vem acompanhado de tanta angústia mental assim?
Comecei a me odiar por achar que tudo bem sacrificar a Agetha. Que tipo de pessoa eu sou?
Não estou negando o ato de matar em si.
Afinal, jurei me vingar dos aldeões, e os odeio o suficiente pra querer matá-los.
Mas... não consigo sentir o mesmo com relação à Agetha.
É verdade que ela me causou vários problemas.
Então, objetivamente, talvez fosse aceitável matá-la.
Mas... ela disse que gostava de mim.
É desprezível matar alguém que disse isso, só porque agora é inconveniente.
— Desculpa... Não consigo. Não consigo matá-la.
Murmurei baixinho.
Podem até me chamar de patético, mas eu simplesmente não conseguia fazer meu corpo se mover do jeito que eu queria.
Então, tudo bem.
Marionetista, se você não gostou, vá em frente e me mate.
— Ah, bem, fazer o quê...
De repente, ouvi uma voz resignada vindo da marionetista.
Não parecia a voz que eu esperaria dela, e fiquei surpreso.
— Vou desistir de comer essa garota. Tudo bem?
— …Você não vai me comer?
— O quê? Quer que eu coma você ou algo assim?
— …Não, não foi isso que eu quis dizer.
Enquanto dizia isso, me levantei.
— Mas você quer virar humana, né?
— Isso é verdade, mas!
— Pra virar humana, você precisa comer um humano, certo?
— Mas isso é impossível!
— Ah, entendi...
— Nesse caso, você devia procurar outro jeito!
Fiquei surpreso com a resposta da marionetista.
Não consegui entender que tipo de confusão levou a isso.
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