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Chapter 57: Reset

 Capítulo 57 – Reset

Essa figura esquiva tinha o dom de aparecer de repente e eliminar qualquer um em seu caminho com uma velocidade assustadora. Parecia a personificação do ódio e da inveja mais intensos, constantemente provocada por alguma coisa. De fato, foi ela quem decapitou a vampira Judite.

Judite era uma vampira, então cortar a cabeça não era o suficiente pra matá-la. Foi preciso esmagar cuidadosamente seu cérebro. Somente ao transformar o cérebro em polpa é que ela finalmente percebeu que tinha matado a vampira. Depois disso, começou a procurar o próximo alvo e passou a vagar lentamente pela masmorra. E então, encontrou o próximo.

— Isso não é justo.

A voz tinha um tom viscoso, pegajoso. Ela nos encarava com olhos afiados.

— Por que é sempre você que fica com a parte boa? Por que eu sempre fico com o pior papel?

Ela gritou daquele jeito.

— ...Agetha?

No meio disso tudo, eu só conseguia ficar confuso. Sim, quem tinha arrancado o braço da Agetha e me chutado longe... era a própria Agetha.

— Ah... Ahhh!

Agetha, que teve o braço cortado, ainda se contorcia de dor intensa. Havia duas Agethas na minha frente. Hã...? O que tá acontecendo? Eu não entendia nada.

— Quem é você?

Perguntei, mas nem sabia pra qual Agetha eu estava perguntando. Talvez tenha sido pras duas.

— Eu sou Agetha Tsubaki.

Quem respondeu foi a Agetha que tinha me chutado.

— Por que existem duas pessoas iguais?

Ao fazer essa pergunta, Agetha deu um sorriso amargo e apontou pra Agetha com o braço decepado.

— Essa aqui é a impostora. Finge ser eu e tenta roubar tudo de mim.

— Ha...

Como eu não entendi direito, soltei um suspiro quase sem querer. Do ponto de vista da Agetha Negra (pra evitar confusão, decidi chamar a Agetha que apareceu de repente de Agetha Negra), ela era a verdadeira, e a Agetha (a que perdeu a memória) era a falsa. Pensei em ouvir o lado da outra Agetha e olhei pra ela.

— Eu não entendo, eu não entendo, eu não entendo! Por que eu tô em dois lugares ao mesmo tempo?

Agetha segurava a cabeça, perdida.

Certo, a Agetha tinha perdido a memória. Mesmo sendo chamada de impostora, ela não conseguia rebater. Era a mais confusa de todas ali.

— Tudo bem, vamos apagar todas essas memórias inconvenientes e começar do zero. Ah, sua mente é mesmo um campo florido, já tô de saco cheio de você.

— Eu não sei do que você tá falando!

— O fato de você não saber provavelmente é culpa sua. Ugh, já tá me irritando!

— É por isso que eu não sei!

Agetha Negra e Agetha trocavam farpas.

— Kiska... Por favor, me ajuda...

— Ah.

Agetha pediu ajuda, se agarrando a mim. Eu queria corresponder às expectativas dela, mas mesmo que ela me pedisse ajuda, eu não fazia ideia do que podia fazer.

— Agetha...?

De repente percebi que ela estava tremendo ao meu lado.
Bom, claro que estaria. Eu com certeza estaria apavorado se estivesse no lugar dela. Então, com a ideia de aliviar um pouco da ansiedade dela, puxei ela pra perto, com carinho.

— Isso não é justo.

Agetha Negra murmurou amargamente.

— Não é justo. Você sempre faz cara de boazinha e recebe carinho, enquanto empurra as partes ruins pra mim. Sempre, sempre, sempre me usando desse jeito. Ah, já deu. Eu não aguento mais. Tolerei até agora, mas chega. Eu teria sido mais feliz do outro lado também. Porque eu também gosto do ×××...

Não consegui entender parte do que ela disse. Mas, mais importante, minha atenção se desviou pra outra coisa. Ela estava chorando. Agetha Negra chorava, derramando lágrimas enormes e dizendo algo.

— Eu não queria isso...

Agetha tentou negar alguma coisa. Ah, eu precisava ajudar. Pra ser sincero, eu não entendia direito o que tinha acontecido entre as duas. O que era certo e o que era errado. O que era justo e o que não era. Eu não fazia ideia. Mas, vendo uma garota chorando bem na minha frente, eu sabia que queria ajudar. Entre todos os sentimentos que surgiram dentro de mim, esse era o único de que eu tinha certeza.

Então, sem pensar, estendi a mão.

— Eu não aguento mais...

Agetha Negra murmurou, com lágrimas caindo.

— Se é pra ser assim, talvez seja melhor simplesmente desaparecer, num mundo como esse, né?

Isso era ruim. Agetha Negra estava prestes a fazer alguma coisa. Eu não sabia o quê, mas meus instintos gritavam que era algo muito, muito ruim.

— Para com isso! Agetha!

Quando gritei, já era tarde demais. Com um sussurro, ela disse as seguintes palavras:

— <Reset>.


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