Capítulo 59 — Rank
Sinto um alívio ao olhar para baixo e ver chão firme sob meus pés. Quando olho para cima, os raios do sol são ofuscantes. Parece que o mundo ainda não foi destruído.
— Ei, é um retornado da masmorra!
— Alguém limpou essa masmorra!
Viro-me em direção às vozes. Pessoas com cara de aldeões me encaram. O que significa ser um “retornado da masmorra”?
— Oh!
Olhando para baixo, percebo que estou em cima de um pedestal — aquele onde o conquistador da masmorra deveria estar. Em minha mão direita, seguro a recompensa por ter limpado a “Masmorra de Katarov”, a “Espada Flamejante”.
Parece que fui transportado imediatamente depois de pisar no círculo de teleporte da Masmorra de Katarov. No entanto, Agetha não está ao meu lado. Parece que só eu consegui sair da masmorra. Isso me dá uma estranha sensação de perda.
— Ei, qual é o seu nome?
De repente, um dos aldeões fala comigo.
— Hã?
Fico surpreso com a pergunta. Não deveria existir ninguém na Aldeia Katarov que não soubesse meu nome. Eu era discriminado por causa desse maldito cabelo prateado.
— Me chamo Kiska.
— Kiska, é? Uau, temos aventureiros incríveis por aqui!
Dizendo isso, o aldeão dá um tapinha no meu ombro. Sua expressão é animada, bem diferente da atitude que normalmente teriam com alguém de Alcus. De repente, me lembro das palavras do observador: “Volte cem anos no passado.”
— Será que… eu realmente voltei cem anos no tempo?
— O quê? Você disse alguma coisa?
Se eu realmente fui transportado para um mundo de cem anos atrás, isso significa que o destino desse mundo agora está nas minhas mãos. No entanto, mesmo que me digam para salvar o mundo, eu não faço a menor ideia do que fazer. Talvez eu devesse começar com objetivos mais imediatos.
— Ah, não foi nada. Em vez disso, você poderia me guiar até a Guilda dos Aventureiros?
— Ah, claro, sem problema!
Primeiro, vamos ver a Agetha. Se estamos cem anos no passado, ela ainda não deve ter sido selada. Para isso, preciso ir até a Guilda dos Aventureiros e buscar informações.
◆
— Pronto, aqui é a Guilda dos Aventureiros. Até mais, herói!
Diz o aldeão que me guiou até lá, acenando com a mão.
— Obrigado por me trazer até aqui.
Me chamar de herói é um exagero. Com um sorriso meio sem graça, agradeço.
A localização da Guilda dos Aventureiros é a mesma de cem anos atrás, mas o exterior do prédio é diferente.
Por enquanto, entro e me aproximo da recepcionista atrás do balcão.
— Em que posso ajudar?
— Tenho algo que gostaria de discutir.
Pergunto isso no balcão da guilda, pensando que a recepcionista pode saber algo sobre a Agetha.
— Uma discussão, é? Muito bem. Mas antes disso, posso ver sua carta de aventureiro?
Carta de aventureiro. Já ouvi dizer que todo aventureiro tem uma, mas como não tenho nenhuma conquista como aventureiro, não possuo uma.
— Eu não tenho.
— Então você está dizendo que pretende começar como aventureiro agora?
— Bem… algo assim.
— Nesse caso, vamos começar criando sua carta de aventureiro. Por favor, preencha estas informações aqui.
A recepcionista me entrega um formulário.
Começo a preenchê-lo conforme indicado.
Primeiro, meu nome. Depois, minha ocupação. Acho que “espadachim” serve. Em seguida, tem um campo para o rank.
— Hm… como eu vejo meu próprio rank?
— Nesse caso, você deve abrir sua tela de status. Fica escrito abaixo do seu nome. Se não tiver nada, significa que é um novato. De vez em quando, iniciantes já começam como Bronze.
Será que dizia isso na tela de status antes? Com isso em mente, abro minha própria tela.
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〈Kiska〉
Rank: Platina
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É verdade. Está escrito “Platina”. Não acho que essa informação estivesse lá antes.
— Parece que é Platina.
— O quê!? Platina é impossível! A maioria dos iniciantes é no máximo novato, alguns podem começar como Bronze!
— Mesmo que você diga isso…
Mas está lá. “Platina”.
— Se for verdade, então mostre sua tela de status!
— Tudo bem.
Ajusto minha tela de status para que apenas o nome e o rank fiquem visíveis, e mostro à recepcionista.
— I-I-Isso diz mesmo Platina…
Ela murmura como se tivesse visto algo inacreditável.
— Platina é tão raro assim?
— Não é só raro! Hm… desculpe, mas você é mesmo um aventureiro iniciante, certo?
De fato, talvez eu seja um iniciante como aventureiro, mas tenho algumas conquistas.
— Eu limpei a “Masmorra de Katarov”, se isso contar.
— O quê!? Você limpou a Masmorra de Katarov inexplorada!? Nesse caso, faz sentido você ser Platina.
Bem, não acho que seja tão impressionante assim, já que não conquistei a masmorra sozinho.
— Ser Platina é mesmo algo tão impressionante assim?
— O quê!? Você não sabe!? Certo, sobre os ranks…
Enquanto sou pressionado pela empolgação da recepcionista, ouço sua explicação.
Aparentemente, existem oito ranks para aventureiros, do mais baixo para o mais alto: Novato, Ferro, Bronze, Prata, Ouro, Platina, Diamante e Mestre. Então Platina é um rank bem alto — terceiro a partir do topo.
— Novatos são aqueles sem nenhuma habilidade de combate, então a grande maioria da humanidade é novato. Se você tiver força pra derrotar até um único monstro, pode ser promovido a Bronze. Por isso, geralmente você só é considerado um aventureiro de verdade a partir do Bronze.
Entendi. Antes de ser exilado para as profundezas da masmorra, eu era apenas um fazendeiro sem habilidades de combate. Naquela época, minha tela de status provavelmente dizia “Novato”, já que não mostrava nada.
— Rank Platina significa que você está entre os 0,1% do topo. Aliás, esse 0,1% inclui do Bronze até o Mestre, excluindo os Novatos. Então ser Platina é realmente incrível. É a primeira vez que vejo alguém com esse rank.
Com essa explicação, até que soa impressionante.
— Mas existem ranks ainda mais altos, como Diamante e Mestre.
Platina é só o terceiro do topo. Sabendo disso, nem parece tão especial assim.
— Que nada! Diamante é o rank mais forte, só 0,01% conseguem alcançar. Já o Mestre… é uma lenda. Apenas os 10 melhores do mundo podem alcançar esse rank. Pessoas normais jamais conseguem isso.
Entendi. Com essa explicação, Platina soa bem impressionante, sim.
— Enfim, Platina é incrivelmente impressionante! Entendeu?
— Bom, mais ou menos.
Pra ser honesto, mesmo ouvindo tudo isso, não me sinto exatamente forte…
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