Chapter 74: Companheiro

Depois de adquirir a habilidade “Habilidades de Ladrão” e passar por inúmeros Bugbears blindados, disparei pelo calabouço até a localização do herói Eligion.

— Ei, aquele não é o Kiska?

O herói Eligion, ao me avistar, abriu um sorriso animado.

— Herói, vou te guiar até onde o Lorde Demônio está.

— Você sabe onde ele está?

— Sim, tenho uma boa noção.

— Sério!? Então me leve até lá agora mesmo.

A partir dali, guiei o herói Eligion até o local onde o Lorde Demônio Zoga se encontrava.

— Lorde Demônio Zoga, vim acertar as contas.

— Hmph, que pirralho barulhento! Eu já estava preparado pra te matar mesmo sem ser chamado!

Depois de presenciar o início da batalha deles, voltei pelo caminho e segui até onde a Cavaleira Sagrada Canaria estava.

Ao levar o herói Eligion até o Lorde Demônio, garanti que ele não interromperia minha luta nem acabaria sendo morto no meio do confronto. Agora, eu podia me concentrar completamente no combate contra a Cavaleira Sagrada Canaria.

— Nunca imaginei que o primeiro humano que eu encontraria seria você.

Canaria, ao me ver, fez uma expressão claramente irritada.

Quantas vezes eu já tinha morrido desde que comecei a enfrentá-la? Não lembrava o número exato, mas devia estar por volta das 130 vezes. Bom, as coisas estavam indo tão bem que era como se as condições não pudessem ser melhores.

A nova habilidade “Habilidades de Ladrão” já estava completamente incorporada ao meu corpo. Quando fechei os olhos, as memórias de todas as batalhas contra a Cavaleira Sagrada Canaria se repetiram na minha mente. Eu conhecia o estilo de luta dela e todos os seus padrões.

Dessa vez, eu estava confiante de que venceria.

— Fico feliz que você esteja bem, Canaria-san.

Tentei disfarçar.

Não podia deixar transparecer nenhuma hostilidade.

Então, olhei para ela com meu melhor sorriso.

— Na verdade, já me uni ao herói Eligion.

— S-sério!?

Ao ouvir o nome do herói, a expressão da Cavaleira Sagrada Canaria se iluminou levemente.

Eu realmente não entendia por que alguém que planejava matar o herói ficaria feliz em saber que ele estava bem.

— Sim, então vou te levar até ele.

— Ah, por favor, faça isso.

Enquanto dizia isso, ela começou a se aproximar.

Um passo, dois passos, três, quatro, cinco… Estando tão perto, já era o suficiente.

— Ei, o que foi?

Ela me olhou com desconfiança por eu ainda não ter começado a andar.

— Na verdade, eu estava esperando.

Sim, esperando.

Esperando o momento em que ela estivesse perto o bastante pra garantir um golpe certeiro.

Alguns segundos depois.

Segurei o cabo da Espada Ardente e saquei-a da bainha.

— ――Ah!

Percebendo minha hostilidade repentina, ela segurou sua espada, surpresa. Mas minha lâmina já estava no meio do movimento, cortando em direção ao pescoço dela.

O sangue jorrou com o golpe.

Não sei que tipo de habilidades a Cavaleira Sagrada Canaria possui, mas, considerando seu papel, sem dúvida ela tem alguma resistência elevada.

Pessoas com resistência aprimorada são menos propensas a morrer mesmo quando atingidas em pontos críticos. Mesmo atacando o pescoço, ela ainda estava viva.

— Sua...!!

Ela se enfureceu e desferiu um golpe com força total.

Tentei aparar o ataque com minha espada, mas falhei e fui arremessado para trás.

— Ei, o que você pensa que está fazendo…?

Ela parecia irritada, mas na verdade estava bem calma. Enquanto falava, secretamente usava magia de cura no pescoço.

Me atacar e me afastar provavelmente foi uma forma de ganhar tempo pra se curar.

Se for isso, então só tem uma coisa a se fazer.

Preciso atacá-la de novo imediatamente.

— Ei, Canaria.

Falei com um sorriso confiante.

— O-O que…?

Ela franziu a testa ao me olhar. Talvez tenha achado minha expressão estranha.

— Por que a líder do “Caoticismo”, grupo ao qual você pertence, cooperaria com o Lorde Demônio? Você parece mais uma serva dele.

— Você… ousa insultar meu mestre…

Boa. “Provocação” funcionou.

Mesmo tendo sido fundida com “Habilidades de Ladrão” através da síntese de habilidades, a “Provocação” ainda podia ser usada.

Achei que insultar o mestre dela poderia irritá-la — e parece que acertei em cheio.

Como prova, ela interrompeu a magia de cura, largou a espada e…

— 〈Lâmina Negra〉.

Ela disse. 〈Lâmina Negra〉 era uma das formas do Espadachim Parasita. Parece que ela ia dar tudo de si desde o começo.

— Morra…!!

Ela gritou e avançou com a 〈Lâmina Negra〉 em mãos.

Mas, graças à “Provocação”, os ataques dela estavam completamente desleixados.

Desviá-los foi fácil.

— Ugh…

Ela soltou um gemido.

Eu havia desviado do ataque e cortado sua lateral com minha espada.

Claro, não deixei por isso mesmo.

Continuei atacando várias vezes, desviando dos golpes dela e acertando os meus. Já tinha decorado completamente o padrão dos ataques dela.

Então, praticamente não havia chance de ela me acertar.

— Acabou.

Enquanto dizia isso, perfurei as pernas dela com minha espada enquanto ela estava no chão.

Naquele momento, tive certeza da minha vitória.

Canaria me encarava, rangendo os dentes. Mas já não conseguia mais se levantar.

— Achei. É esse o anel.

Quando puxei o pingente pendurado no pescoço dela, encontrei o anel necessário pra impedir a ressurreição do Lorde Demônio.

— V-você, isso é…

Ela tentou pegar de volta, desesperada. Afastei a mão dela.

— Foi mal, mas esse anel agora é meu.

Com isso, eu poderia impedir a ressurreição do Lorde Demônio.

E assim, o mundo estava salvo.

— Ei, o que exatamente tá acontecendo aqui?

Era a voz de uma terceira pessoa.

Quando me virei, vi o guerreiro anão Gorgano, empunhando um machado.

Da outra vez, por não ter guiado o herói Eligion até o Lorde Demônio Zoga, fui interrompido no meio da luta, e a cena em que fui morto por Eligion voltou à minha mente.

Isso é péssimo…

Tinha acabado de conhecer esse sujeito há pouco.

Portanto, minha credibilidade era menor do que a da Cavaleira Sagrada Canaria. Nessa situação em que estávamos em lados opostos, era bem provável que ele decidisse ajudar ela.

Eu já tinha conseguido pegar o anel.

Será que tinha alguma forma de sair dessa?

— Esse homem pegou o ‘Anel do Caos’!

Canaria gritou.

“Anel do Caos”…? Ela estava se referindo ao anel que tirei dela?

— Entendo, agora a situação ficou clara.

Gorgano disse isso e me lançou um olhar frio.

Espera… por que o Gorgano sabia sobre esse anel?

— Hahaha, que pena! Ouça bem, o Gorgano também é meu aliado! Você achou que tinha vencido me derrotando, mas estava enganado!

— Silêncio, Canaria.

Gorgano a interrompeu, sem cerimônia.

E Canaria parou de rir imediatamente.

Sério… então havia mais um traidor.

— Você também faz parte do “Caoticismo”?

Em resposta à minha pergunta, Gorgano não confirmou nem negou, apenas disse:

— Foice Parasita do Marionetista.

Num instante, uma enorme foice negra surgiu.

A foice tinha uma aparência completamente anormal, com olhos e mandíbulas crescendo por toda a sua extensão.

— Oba, é hora da batalha!

— Eba, hora da batalha!

— Ei, será que podemos comer esse cara?

As mandíbulas da foice falavam com vozes próprias.

Pelo visto, eram aliados do Marionetista.

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