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Chapter 79: Imprevisível

 Capítulo 79 – Imprevisível

Depois de dar meu conselho ao Herói Eligion, algum tempo se passou, e a Cavaleira Sagrada Canaria e o Guerreiro Gorgano chegaram. Em linhas do tempo anteriores, apenas a Cavaleira Sagrada Canaria vinha sozinha até este local, mas desta vez, os dois chegaram juntos. A mudança no futuro deve ter ocorrido por causa do aumento da cautela de Gorgano em relação a mim, graças ao marionetista da foice parasita.

— Alteza, pedimos desculpas pela demora. Lamentamos não estarmos ao seu lado neste momento tão crucial.

— Vocês dois fizeram um ótimo trabalho. Canaria, não precisa se desculpar. Derrotamos o Lorde Demônio com sucesso.

— O quê? O Lorde Demônio já foi derrotado? Você pegou toda a glória pra si, hein, Herói!

A risada do Guerreiro Gorgano ecoou.

O conteúdo da conversa parecia comum, e nenhum dos dois demonstrava hostilidade na frente do Herói. Seria ótimo se as coisas continuassem assim, embora eu soubesse que um desfecho pacífico era improvável.

— Ufa, finalmente cheguei! Achei que fosse morrer!

— …

Depois de um tempo, a elfa Nyau e o homem encapuzado Noct chegaram. Suas ações não diferiam da linha do tempo anterior, mas, na verdade, eu ainda não conseguia determinar se esses dois eram aliados ou inimigos.

De qualquer forma, com todos reunidos, usamos a magia de teleporte da Nyau para retornar ao exterior da masmorra. Então, fomos recebidos pelos aldeões de Katarov e uma celebração foi realizada em honra da nossa vitória sobre o Lorde Demônio, exatamente como havia acontecido na linha do tempo anterior.

— Ei, Kiska, tá se divertindo?

Enquanto eu estava sentado numa cadeira na praça onde rolava a comemoração, o Herói Eligion se aproximou e falou comigo.

— Não, não tô me divertindo. Tô em alerta constante.

Escolhi não participar da festa e continuei mantendo o Herói Eligion no meu campo de visão, sempre vigilante.

— Sinceramente, achei que você tava exagerando. Conversei com eles e não notei nada de diferente no comportamento deles.

— Herói, minhas previsões do futuro são sempre precisas.

— Entendo. Bem, quando chegar a hora, conto com você pra me proteger.

— Claro, essa é minha intenção, mas...

Pra falar a verdade, o Herói Eligion era muito mais forte que eu. Não achava que ele precisasse de proteção.

— A Canaria é minha subordinada mais confiável. Se ela realmente fosse uma traidora, eu ficaria em choque e não conseguiria me concentrar na luta.

— Entendo...

De fato, nesse caso, talvez fosse mesmo necessário que eu o protegesse.

— Mas ainda acredito que suas previsões podem estar erradas. Então relaxa e aproveita a festa.

Com essas palavras, o Herói Eligion se afastou. Afinal, ele é o herói, provavelmente tinha muita gente com quem conversar.

— Ei, camarada, se importa se eu me sentar aqui do seu lado?

Depois de um tempo sozinho, alguém se aproximou de novo.

Ao olhar para quem havia falado, meu coração começou a acelerar.

O motivo era que a pessoa que se aproximava era ninguém menos que o Guerreiro Gorgano.

Sem esperar minha resposta, Gorgano se sentou bem ao meu lado.

— Qual é a sua intenção?

Sem entender suas motivações, perguntei.

— Não precisa ficar tão na defensiva. Não tenho intenção de lutar aqui.

Dizendo isso, ele levou a caneca aos lábios e virou a bebida de uma vez só.

— Ei, camarada, quem é você de verdade?

Gorgano fez essa pergunta.

— Sou o aventureiro Kiska.

— Não quero ouvir esse tipo de coisa — respondeu Gorgano com um clique de língua irritado.

— Bem, eu realmente não sei.

Gorgano clicou a língua de novo.

— Veja bem, estamos planejando tudo com muito cuidado há anos, até décadas. E agora que o plano está chegando aos estágios finais, do nada, um elemento irregular como você se mete no meio.

— Você tá bem aberto compartilhando informações, hein — respondi sarcasticamente.

Gorgano fungou, incomodado, e continuou:

— Bem, tudo bem. O mundo está cheio de coisas que não entendemos. Você é só mais uma delas.

Enquanto falava, Gorgano tomou outro gole.

— Mas saiba de uma coisa: a gente não vai desistir. Não importa o quão esperto você ou os outros tentem ser para nos atrapalhar.

Ele falou isso como se fossem os verdadeiros campeões da justiça.

— Por que vocês estão fazendo isso? — perguntei, confuso.

— Porque é o desejo do Mestre.

— Quem é esse "Mestre"?

Ao perguntar isso, me lembrei de que a Cavaleira Sagrada Canaria também mencionara a existência de um "Mestre" em outra linha do tempo. Então, quem seria esse "Mestre", afinal?

— O nome do Mestre é um privilégio reservado apenas aos membros da organização. Não vou te contar.

— E se eu disser que quero entrar pro grupo de vocês?

— Idiota. Não tem como eu acreditar nisso. A organização já te considera um inimigo.

Bom, não seria tão fácil mesmo.

— Mas vou te dizer uma coisa. A batalha final é amanhã. Então, durma bem esta noite e se prepare para o amanhã.

Com essas palavras, Gorgano se levantou, foi pegar mais bebida e saiu.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou a Cavaleira Sagrada Canaria, parada em frente ao quarto do Herói Eligion.

— Não, a pergunta é: o que VOCÊ está fazendo na frente do quarto do Herói-sama? — retruquei.

— Preciso discutir os planos para amanhã com Sua Alteza. Agora, responda minha pergunta. Por que você está aqui?

O que eu deveria responder? Será que a Cavaleira Sagrada Canaria está tentando entrar no quarto do Herói Eligion para assassiná-lo? Ou será que ela está genuinamente aqui para discutir os planos de amanhã? O que ela pensa de mim? Muito provavelmente, ela, assim como Gorgano, me vê como inimigo, mas não tenho certeza.

— Também tenho assuntos para discutir com o Herói-sama — respondi.

— Que assuntos seriam esses? — inquiriu Canaria.

— Não acho que eu tenha obrigação de responder isso pra você.

— Também tenho o dever de proteger o Herói. É natural que eu me mantenha cautelosa com qualquer um que se aproxime dele.

O que ela disse fazia sentido, mas eu também tinha meus motivos para não recuar. Como sair dessa situação? Enquanto pensava nisso, a porta se abriu com um rangido.

— O que vocês dois estão fazendo na frente da porta? — O Herói Eligion apareceu, questionando nossa presença.

— Perdoe o incômodo, Alteza — disse, surpreso com sua aparição repentina. — Tinha assuntos importantes a discutir sobre os planos para amanhã, e estava prestes a visitar o quarto de Vossa Alteza.

— Também vim discutir um assunto importante com o Herói-sama — acrescentei.

— Entendo. Pois bem, entrem os dois — concordou Eligion, sem hesitar.

— Alteza, acredito que permitir a entrada dele em seu quarto pode ser imprudente. Não confio nele como alguém digno de confiança — sugeriu Canaria, tentando me afastar do Herói Eligion.

Isso era um problema. Se o Herói-sama seguisse o conselho dela, eu não poderia atuar como guarda dele.

— Canaria, fui eu quem deu permissão — as palavras do Herói Eligion tinham um peso inegável, como se não deixassem espaço para contestação.

— Talvez eu tenha me excedido — percebeu Canaria, logo recuando.

Com isso, consegui entrar no quarto junto com a Cavaleira Sagrada Canaria. O futuro era incerto, mas talvez eu conseguisse proteger o Herói Eligion do que quer que viesse pela frente.


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