Capítulo 81 – Espírito de Luta
— Eu não acredito que você era mesmo uma traidora.
Disse o Herói Eligion enquanto empunhava sua espada e lançava um olhar frio.
Diante daquele olhar estava a Cavaleira Sagrada Canaria, que lutava para se levantar. Provavelmente ainda sofria com o impacto de ter sido arremessada pelo herói momentos atrás. Estava com dificuldade para ficar de pé.
— Então, Canaria, que tipo de explicação você tem pra isso?
— Nenhuma explicação necessária.
— Hmm, insatisfatório. Você sempre foi leal a mim, e era em quem eu mais confiava. E ainda assim, virou sua lâmina contra mim desse jeito. Deve haver um motivo extraordinário por trás das suas ações. Por favor, me diga quais são.
Ao dizer isso, o Herói Eligion tentou se aproximar dela.
— Heh, heheheheheh!
Em resposta, a Cavaleira Sagrada Canaria riu com um sorriso malicioso.
Então respondeu com um sorriso de canto:
— Alteza, eu nunca senti lealdade de verdade por você, nem uma vez sequer. Se você entendeu dessa forma, então devo ter sido uma excelente atriz!
O Herói Eligion franziu a testa, descontente com a resposta de Canaria.
— Alteza, agora eu vou ser bem honesta sobre o que sinto. Eu sempre, sempre, sempre, sempre, sempre te odiei do fundo do meu coração! Então, por favor, apenas morra em silêncio.
Disse a Cavaleira Sagrada Canaria, balançando sua espada. No entanto, o Herói Eligion rebateu o ataque com um único golpe, sem esforço.
— Parece que eu realmente não sei julgar as pessoas…
Ele disse, e continuou:
— Ei, você não acha que devia focar na luta ao invés de ficar sonhando acordado?
De repente, o Guerreiro Gorgano ergueu sua arma e apontou pra mim.
— Quer que eu dê uma ajudinha ali?
Enquanto bloqueava o ataque de Gorgano com minha espada, ele perguntou. Pela situação, dava pra ver claramente a diferença de poder entre a Cavaleira Sagrada Canaria e o Herói Eligion. Por mais que ela tentasse, Canaria não conseguiria derrotar o Herói Eligion. Mas, se tanto o Guerreiro Gorgano quanto a Cavaleira Sagrada trabalhassem juntos, talvez houvesse uma pequena chance de vencê-lo.
— Não precisa disso.
Mas Gorgano continuou me atacando. Parecia convencido de que a Cavaleira Sagrada Canaria conseguiria derrotar o Herói Eligion sozinha. Bom, tanto faz. Enquanto eu segurava o Gorgano aqui, o Herói Eligion poderia derrotar a Canaria, e aí nós dois cuidaríamos do Gorgano depois. Isso garantiria nossa vitória.
— Então tudo o que você fez por mim era mentira?
— Sim, tudo uma mentira.
O Herói Eligion e a Cavaleira Sagrada Canaria continuavam lutando, discutindo um com o outro.
— Então por que você esteve ao meu lado até agora?
— Foi por este dia. Eu aguentei e aguentei, aguentei, aguentei, aguentei, aguentei, tudo isso só pra poder te matar hoje.
— Você me odiava tanto assim?
— Hahaha, isso mesmo! Eu te desprezo completamente.
— Por que você me odeia tanto?
— Ah, se está tão curioso, eu vou te contar.
De repente, a Cavaleira Sagrada Canaria falou num tom frio.
— Eu sou a sobrevivente da Vila Luna.
— Hã…?
O Herói Eligion soltou uma voz confusa.
Vila Luna? Era um nome desconhecido, e ele inclinou a cabeça, confuso.
— Se a Alteza é tão perspicaz, já devia ter entendido. Consegue ver o quanto eu te odeio?
— Isso não é verdade…!! Você é a segunda filha da família do Conde Glisis, não é?
— Não, pra ser precisa, eu sou uma filha ilegítima da família do Conde Glisis. Sou filha de um caso fora do casamento. Por causa disso, fui deixada aos cuidados de pais amorosos na Vila Luna quando ainda era pequena. Devo muito a eles, e até hoje, os considero meus verdadeiros pais.
— Não, isso… você nunca mencionou nada disso antes…
— Pois é, não dava pra falar. Se eu falasse, estragaria todo o plano.
— Não, é diferente…!! Eu era só uma criança naquela época. Eu só estava sendo usado, eu não sabia de nada…!
— Sim, eu sei que a Alteza só foi usada. Mas isso é um detalhe irrelevante. O fato é que minha família foi morta pelas suas mãos.
— Não, isso não é…!
O comportamento do Herói Eligion ficou claramente abalado. Seja pela perda do espírito de luta, por parar de brandir a espada, ou pela expressão vazia enquanto deixava a cabeça cair.
— Ei, você vai morrer desse jeito!
— Sua voz já não chega mais até ele.
Em resposta ao meu grito, o Guerreiro Gorgano sorriu.
Isso é ruim…! Do jeito que o Herói Eligion está agora, é só questão de tempo até ser morto.
Tenho que fazer alguma coisa!
— Então, Alteza, por favor morra em silêncio.
Ssshh, o som do vento sendo cortado foi ouvido. Ao mesmo tempo, o sangue espirrou alto no ar. Clang. A espada do Herói Eligion caiu no chão.
— Conseguimos…! Conseguimos, Gorgano! Finalmente matamos ele. Já era hora, finalmente conseguimos. Sim! Eu consegui matar a Alteza!
— Ei, Canaria, deixa a comemoração pra depois. Agora temos que lidar com esse cara.
O herói havia sido morto…
Não havia mais como reverter essa situação.
Porque eu não conseguiria enfrentar esses dois sozinho. Assim como na linha do tempo anterior, eu seria selado.
— Droga, ele tá determinado a morrer!
Ouvi a voz do Guerreiro Gorgano.
No mesmo instante, eu mesmo decepei meu pescoço.
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