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Chapter 83: Mudança

 Capítulo 83 — Mudança

— Foi mal por isso aí. Vai, anima essa cara — falei depois de rir por um tempo, tentando acalmar a mal-humorada Nyau.

— Não é como se eu estivesse brava — respondeu ela, mas as bochechas visivelmente infladas contavam outra história. Ela claramente estava brava, mas se quisesse negar, tudo bem.

Apesar de ter repetido várias linhas do tempo, parecia ser a primeira vez que eu tinha uma conversa assim com a maga Nyau.

Já que era uma oportunidade rara, achei que seria uma boa ideia tentar conhecê-la melhor. Enquanto a Cavaleira Sagrada Canaria e o guerreiro Gorgano tinham se revelado traidores, eu me perguntava sobre a Nyau. Embora não houvesse nenhuma prova de que ela fosse uma traidora, ela também não parecia ser.

Se ela fosse, sua personalidade meio bobinha provavelmente a teria entregado rapidinho.

Então, talvez não fosse má ideia tentar contar com a cooperação dela.

— Ei, Nyau, você já ouviu falar na "Vila Luna"?

Resolvi perguntar sobre a Vila Luna, que a Cavaleira Sagrada Canaria tinha mencionado, antes de entrar no assunto principal.

— Vila Luna? Ah, já ouvi sim. Era uma vila que foi exterminada por supostamente colaborar com os demônios — respondeu Nyau.

Entendi. Isso explicava muita coisa. Talvez o primeiro príncipe, o Herói Eligion, tivesse algo a ver com a purga da Vila Luna. Por isso a Cavaleira Sagrada Canaria guardava rancor do Herói.

— Parece que a Cavaleira Sagrada Canaria é de lá, da Vila Luna — expliquei.

— Hmm, eu lembrava dela ser de família nobre… — disse Nyau, pensativa.

— Bom, eu não sei todos os detalhes, mas parece que a Canaria é filha bastarda de um caso extraconjugal e foi mandada pra Vila Luna ainda pequena — continuei.

— Entendo… é mesmo? — Nyau inclinou a cabeça, confusa.

— Por isso parece que a Canaria guarda um rancor forte do Herói Eligion.

— Sério? É mesmo?

A elfa Nyau parecia desconfiada. Bem, quem só observasse a Canaria de sempre não imaginaria que ela guardasse um ódio contra o Herói Eligion.

— Pelo que parece, o Herói Eligion teve envolvimento na purga da Vila Luna — expliquei.

— Então… quer dizer que, pra Cavaleira Sagrada Canaria, foi como se o Herói-sama tivesse matado os pais dela? — Nyau entendeu rápido a situação.

Ela pegou a ideia no ar rapidinho, o que ajuda muito. Ser maga tem lá suas vantagens mesmo.

— Então, hoje à noite, a Cavaleira Sagrada Canaria pretende matar o Herói Eligion. Ah, e o guerreiro Gorgano também tá envolvido no plano.

Agora vamos ver como a Nyau vai reagir. Se ela não for uma traidora, talvez demonstre vontade de cooperar.

— O quê…? Do que você tá falando? — Nyau franziu a testa.

— A Canaria-sama traindo o Herói-sama? Isso é impossível — disse ela, quase debochando da ideia.

Ela até riu da minha sugestão. Bem, parece que não vou conseguir conquistar a confiança dela mesmo.

Eu já esperava esse resultado, mas ainda assim é um pouco decepcionante.

— Nyaa! P-por que você tá beliscando as bochechas da Nyau?!

— Porque eu fiquei irritado.

Deixando isso de lado, decidi beliscar as bochechas dela.

Fui um idiota de esperar qualquer coisa da Nyau.

A meia-noite chegou, e assim como nas linhas do tempo anteriores, a batalha estava prestes a começar. Eu estava decidido a não deixar o Herói Eligion morrer dessa vez, por mais que tivesse falhado antes.

Pra ser sincero, também não tinha muita esperança dessa vez. Por mais que me esforçasse, não conseguia imaginar um futuro onde o Herói Eligion sobrevivesse. Com esse tipo de pensamento, era provável que eu falhasse de novo.

— Certo, vamos nessa.

Pra superar os pensamentos negativos, dei um tapa forte nas próprias bochechas. Se essa tentativa falhasse, eu ia desistir. Se não funcionasse, procuraria uma abordagem totalmente diferente. Já que seria a última vez tentando desse jeito, estava decidido a dar tudo de mim.

Com essa resolução, segui até o quarto do Herói Eligion.

Estava chegando a hora. O Herói Eligion dormia na cama, com a Cavaleira Sagrada Canaria como guarda.

Logo, o guerreiro Gorgano entraria no quarto, e esse seria o sinal do início da batalha.

— Ei, tá tudo certo aí? — Gorgano entrou no quarto com cuidado, arrombando a porta e falando comigo.

— Tô me sentindo um lixo.

— É, imaginei. Ei, foi mal, mas pode sair do quarto um instante?

— Não, não posso. Assim que eu sair, você vai matar o Herói-sama, né?

— Ah, entendi. Então nosso plano foi descoberto. Bem, tanto faz. Nesse caso, vamos resolver isso de frente, Canaria.

Num instante, a Cavaleira Sagrada Canaria abriu os olhos e se lançou contra o Herói Eligion. Ao mesmo tempo, Gorgano veio pra cima de mim com a espada.

Já tinha ficado provado em linhas do tempo anteriores que o Herói Eligion não morria com um ataque repentino da Canaria. Agora eu só precisava encontrar um jeito de impedir que ela dissesse “Vila Luna”.

— Ei, tá desviando o olhar demais, hein? Sou eu que vou cuidar de você.

Dizendo isso, o guerreiro Gorgano bloqueou meu caminho.

Droga, eu preciso calar a Canaria de qualquer jeito, mas nunca consigo por causa desse cara. Se ao menos houvesse uma forma de passar por ele…

— Eu sou uma sobrevivente da Vila Luna — disse a Cavaleira Sagrada Canaria.

Ah, já era. O Herói Eligion vai enlouquecer e morrer. Mais uma tentativa fracassada.

— O-o que você tá fazendo…?

Foi um acontecimento totalmente inesperado. Nyau estava parada na porta, segurando um cajado. Ela olhava a cena no quarto com os olhos arregalados, surpresa.

— Nyau! Protege o herói!

— S-sim!

Nyau respondeu e começou a entoar um feitiço. A entrada repentina da Maga Nyau alterou drasticamente o rumo dos acontecimentos. Talvez, nessa linha do tempo, a gente consiga salvar o herói…

— Puxa, justo uma pessoa irritante tinha que aparecer — resmungou Gorgano ao olhar para Nyau. Ao mesmo tempo, ele ativou a Foice Parasítica Puppeteer.

— <Azi Dahaka de Três Mandíbulas Resilientes>.

De repente, a Foice Parasítica Puppeteer se transformou numa criatura grotesca com três cabeças.

Entendi.

O guerreiro Gorgano estava se segurando o tempo todo enquanto lutava comigo.

Se ele me pegasse de verdade, acabar comigo seria brincadeira pra ele.

— Droga!!

Talvez, só talvez, eu achei que conseguiríamos dessa vez…

Mas foi mais um fracasso.

Um som de algo se partindo chegou aos meus ouvidos quando a <Azi Dahaka de Três Mandíbulas Resilientes> cravou os dentes no meu pescoço.

Pouco depois, minha consciência se apagou.

— Ah…

Abri os olhos.

Era uma sensação que eu já conhecia bem. Parece que voltei da morte mais uma vez.

Tudo começando do zero de novo.

Com esse pensamento, comecei a me sentar.

— Espera, por favor, não se mexa ainda! Seus ferimentos ainda não cicatrizaram totalmente!

— Hã…?

O que vi diante de mim era algo totalmente novo.

Por alguma razão, eu estava deitado no meio de uma floresta, e ali perto, a maga Nyau estava agachada ao meu lado.

— O que tá acontecendo…?

— O que tá acontecendo…? Ué, você desmaiou, e eu te trouxe pra cá. Devia agradecer à Nyau. Se não fosse por ela, você já era.

Ouvindo a explicação da Nyau, levei a mão até o próprio pescoço.

Lembrei de ter sido mordido pela <Azi Dahaka de Três Mandíbulas Resilientes> bem ali.

Ah, o ferimento ainda tá aqui.

— Ah, por favor, não toque! Eu ainda tô curando.

Pelo que dava pra ver, Nyau estava usando magia de cura em mim.

Finalmente, comecei a entender a situação atual.

Parece que, de algum jeito, eu consegui sobreviver.


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