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Chapter 102: Destino

 Capítulo 102 – Destino

— Então, Agetha, eu gostaria de saber algumas coisas.

Depois de recuperar a compostura, me dirigi à Agetha.
Tenho muitas perguntas que quero fazer a ela.

— Tudo bem, tanto faz agora... Se quiser me interrogar, me torturar, me matar ou até me estuprar, pode fazer o que quiser.

Agetha disse isso com um ar preguiçoso. No momento em que a palavra “estuprar” saiu da boca dela, eu fiquei chocado. Do que ela tá falando?
De qualquer forma, reuni meus pensamentos e decidi começar com as perguntas.

— Por que o mundo acabou?

— Porque eu apaguei o fato que salvava o mundo.

— Você fez isso?

— É, isso mesmo.

— Por que você faria uma coisa dessas?

— Porque...

Agetha fez uma pausa, respirou fundo e então disse:

— Eu te amo, Kiska, mas você nunca vai ser meu. Então pensei que era melhor destruir o mundo inteiro. Ela disse isso com uma naturalidade absurda. Essa pessoa é completamente maluca. E agora, o que eu faço, sendo alguém que acabou sendo amado por essa maluca perigosa?

— Mas, por algum motivo, quando fui verificar se o mundo tinha acabado mesmo, encontrei o Kiska num mundo de cem anos atrás.

— Entendi.

Então Agetha me encontrou e começou a tramar minha morte.

— Tem outra coisa que vem me incomodando. Por que existem duas Agethas?

Isso era algo que eu vinha me perguntando há muito tempo.
Toda vez que eu encontrava a Agetha, a personalidade dela parecia mudar, como se fosse uma pessoa diferente.
Eventualmente, duas Agethas apareceram ao mesmo tempo, e ainda me lembro bem de quando uma Agetha atacou a outra.

— É só um caso de transtorno dissociativo de identidade.

— Transtorno dissociativo de identidade? Mas, se for isso, não explica por que existem duas de você ao mesmo tempo.

— Não é bem assim. Afinal, a que está na sua frente agora não é o corpo principal. O corpo principal está em outro lugar. Pode me considerar uma espécie de projeção. E dá pra ter personalidades separadas entre o corpo principal e a projeção.

— Entendi...

De certa forma faz sentido... mas também não muito.
Mesmo ouvindo a explicação, ainda não consegui compreender totalmente.

— Qual das duas é a verdadeira Agetha?

— Eu... esqueci. Não lembro mais qual é a verdadeira. Mas eu sou a responsável pela malícia, enquanto a outra cuida da boa vontade.

Boa vontade e malícia, é...?
De fato, a primeira Agetha que conheci tinha uma personalidade mais calma, enquanto a Agetha de preto parecia ser um amontoado de rancor.

— Ei, Agetha.

— O que foi?

— Eu ainda quero mudar o destino do mundo, se ele estiver fadado à destruição.

— Por quê? Porque você está vivo, tá passando por coisas desagradáveis. Mas se desde o início existisse um mundo de vazio, não acha que seria pacífico, silencioso e bem confortável?

— Mas a gente não está nesse mundo vazio, né?

— É... isso é verdade.

— Eu quero criar um mundo que seja mais conveniente pra mim.

Eu não quero voltar a ser o eu miserável de antes.

— O que isso quer dizer?

— Eu não sei exatamente, mas acho que um mundo onde eu e todos possam rir é o mínimo necessário.

— Bom... talvez você consiga criar um mundo assim.

Agetha disse com um sorriso de canto de boca.

— Claro, você também está incluída nesse mundo onde todos possam rir.

Falei isso olhando nos olhos da Agetha. Pra mim, ainda não sei exatamente o que a Agetha significa, mas sem ela, eu não seria quem sou agora. Ela ainda é uma pessoa importante pra mim. Então, eu quero salvá-la também.

— Eu te amo.

De repente, Agetha soltou essas palavras.

— Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo...

Como se estivesse recitando um feitiço, ela repetia isso sem parar.

— Kiska, eu te amo... você é o meu destino, afinal. Então, Kiska, seja só meu.

— Ei, por que você tá dizendo isso enquanto aponta uma lâmina pro meu pescoço?

Agetha estava com uma espada encostada no meu pescoço.

— Se você recusar, eu te mato. Depois disso, vou me matar também. Aí a gente pode ficar junto na próxima vida.

Ela definitivamente perdeu a sanidade.

— Você não tinha desistido de me matar?

Lembrei que Agetha tinha gritado de dor depois de me matar várias vezes antes.

— ...É verdade. Eu não consigo matar o Kiska. Nesse caso, eu vou morrer sozinha.

Dizendo isso, ela começou a apontar a lâmina para o próprio pescoço.

— Ei, por que tá fazendo isso?

Estendi a mão para tirar a espada dela.

— Não! Fica longe!

— Mas isso não significa que você deva balançar essa espada por aí. É perigoso!

— Além disso, o Kiska vai acabar indo pra outra mulher, né?

Ela gritou. O que eu faço...

Para salvar o mundo, preciso da cooperação da Agetha. Então, de algum jeito, tenho que convencê-la. Como posso persuadir a Agetha...? Bem, na verdade, tenho uma ideia de como fazer isso... mas estou meio relutante. No entanto, não tenho escolha. Preciso estar preparado.

— Agetha.

Chamei, me aproximando dela.

— O que foi?

Ela tinha um olhar desafiador.

— Agetha, olha pra mim.

Disse isso encarando-a. Ela também me olhou.
Nossos olhos se encontraram. Agetha então pareceu um pouco envergonhada e desviou o olhar. Impedi que ela fizesse isso tocando sua bochecha.
E naquele momento, quando ela voltou a me encarar… Eu a beijei nos lábios.

O som de uma espada caindo no chão, clang, pôde ser ouvido. Parece que Agetha tinha soltado a espada.

— Agetha, escuta o que eu tenho pra dizer. Se escutar, eu te dou uma recompensa.

— Que tipo de recompensa?

— Se eu contar antes, perde a graça, não acha?

Ao dizer isso, ela me olhou com olhos esperançosos.

— Então, Agetha, o que vai ser? Vai me escutar ou não?

— Eu vou escutar!

Agetha respondeu com entusiasmo.

— Eu faço qualquer coisa que o Kiska disser, só não me abandona...

— Certo.

Assenti e então afaguei sua cabeça. Em resposta, ela se aconchegou em mim, feliz.

— Certo, Agetha. Por favor, coopere para salvar o mundo.

— Tá bom...

O destino do mundo agora dependia de quão bem eu conseguiria manter a Agetha de bom humor.

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