Capítulo 103 – Esquerda
Antes de tudo, consegui garantir a cooperação da Agetha.
— Então, Agetha, como podemos derrotar o Lorde Demônio?
Derrotar o Lorde Demônio Zoga deve ser a chave para impedir a atual meta de destruição do mundo.
— Primeiro, você precisa despertar meu corpo principal.
Ah, é mesmo. A Agetha tinha mencionado antes que a que está na minha frente não é o corpo principal, mas sim um clone.
— Onde posso encontrar esse seu corpo principal?
— Não está longe daqui. Na verdade, acredito que esteja nesse mesmo calabouço agora. Hm... o Herói E... El... Qual era o nome mesmo?
— Herói Eligion?
— Isso, esse aí mesmo.
Herói Eligion. Ele é tanto o primeiro príncipe do Reino de Rastarna quanto um Herói.
Fui transportado para este Calabouço de Katarov como guia para o grupo do Herói Eligion.
— Então preciso encontrar o Herói Eligion?
— Bem, pra ser exata, não é o Eligion em si, mas sim a espada que ele carrega.
— Espada...?
Se me lembro bem, a espada que um Herói carrega normalmente é chamada de Espada Sagrada.
— Que espada é essa que você tá falando?
— A <Espada Sagrada Hagentia>. Essa é a espada que um Herói empunha. Eu tô selada dentro dela.
— Hã?
Espera... Eu acabei de ouvir algo absurdo?
— Onde você está?
— Já falei, tô selada dentro da Espada Sagrada Hagentia.
— Como assim? Não importa como você pense sobre isso, não faz sentido algum, mas vou ter que aceitar como verdade.
— Então, como posso te ajudar se você tá dentro da Espada Sagrada?
— Você não precisa fazer nada.
— O quê? Por quê?
— Escuta, eu já salvei esse mundo uma vez antes. Então, tudo que você precisa fazer é seguir o mesmo procedimento.
Faz sentido. Na linha do tempo em que eu não estava presente, ela salvou o mundo uma vez. Então, se eu não interferir e deixar o poder da Agetha agir, o mundo deve ser salvo.
— Nesse caso, entendi. Não vou fazer nada.
— Bom, eu vou te guiar até certo ponto, pelo menos.
Quando a Agetha disse isso, a presença dela começou a sumir devagar, como se estivesse prestes a desaparecer completamente dali.
— Ei, você tá bem?! — gritei, tentando tocar o corpo da Agetha.
Mas, por algum motivo, talvez porque o corpo dela tivesse se tornado translúcido, minha mão passou direto por ela.
— Não se preocupe. Já te falei que esse corpo é um clone. Manter um clone ativo é bem difícil. Até aparecer na sua frente assim já deu um trabalhão.
Agora que pensei nisso, quando a Agetha apareceu na minha frente, ela disse algo como “Finalmente posso interferir no evento”. Faz sentido. Devem haver várias limitações pra ela se manifestar como clone.
— Além disso, interações simples, como conversar, podem ser feitas mesmo sem uma presença física — explicou Agetha.
A voz dela agora vinha de lugar nenhum, como se já tivesse desaparecido da minha vista.
— Impressionante o que você consegue fazer.
— Bom, eu sou uma heroína, afinal — ela respondeu, e de alguma forma, isso soou bem convincente. Heróis são mesmo impressionantes.
— Então, o que eu faço agora? — perguntei.
— Siga minha orientação — ela disse.
Com isso, comecei a explorar o calabouço, seguindo a direção da Agetha. Logo cheguei a uma bifurcação, com dois caminhos. Em todos os ciclos anteriores, eu ia para a direita, onde havia vários Ursos Blindados, e ganhava a habilidade “Aprimoramento de Agilidade”. Usei essa habilidade para sintetizar outras e consegui as “Habilidades de Ladrão”. Por costume, quis ir pra direita de novo.
— Vá pela esquerda — a Agetha sussurrou de repente na minha mente.
— Esquerda, é?
— Sim, vá pela esquerda.
— Mas eu queria ir pra direita pra adquirir novas habilidades.
— Nesse caso, você pode voltar depois e pegar as habilidades. Por agora, siga pela esquerda.
Com isso, aceitei seguir a orientação dela.
— O que eu vou encontrar indo pela esquerda?
Enquanto caminhava, perguntei pra ela.
— Quero que você conheça alguém. Essa pessoa era minha aliada, e graças à ajuda dele, conseguimos salvar o mundo.
Uma aliada, hein? Quem será? Pelo que a Agetha descreveu, não parecia ser o herói Eligion. O guerreiro Gorgano e a Cavaleira Sagrada Canaria eram traidores, então esses dois estavam fora de questão. Sobrava a sábia Nyau.
Encontrar a Nyau como aliada fazia sentido. Com as habilidades absurdas dela, não seria surpresa se ela tivesse ajudado a salvar o mundo. A ideia de reencontrar a Nyau elevou meu ânimo.
Mesmo que ela tivesse esquecido de todas as nossas interações do ciclo anterior, eu estava sinceramente feliz só de poder vê-la de novo. Com o ânimo renovado, continuei minha jornada pelo calabouço.
— Aquela pessoa ali é meu aliado — disse Agetha na minha mente.
Avistei uma silhueta à distância.
— Ei, Ny...
Parei antes de terminar o nome.
— Quem é você? — a pessoa na minha frente falou com voz baixa, olhando diretamente pra mim.
De repente, me lembrei que havia mais uma pessoa no grupo do herói. Alguém que eu tinha completamente esquecido.
— Kiska, esse é meu aliado, Noct — a voz da Agetha ecoou de novo na minha mente.
Então, a pessoa diante de mim era ninguém menos que a figura enigmática de manto: Noct.
 
                            
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