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Chapter 104: O culpado

 Capítulo 104 – O culpado

A figura enigmática com um manto encapuzado, o espadachim Noct.
Devido ao capuz profundo cobrindo seu rosto, nem mesmo seus traços eram visíveis à distância.

— Esse cara é mesmo aliado da Agetha?

— É, isso mesmo — respondeu Agetha.

— O que eu faço?

— Por agora, só começa a conversar com ele. Eu já te apresentei pro Noct. E também, você tá resmungando sozinho há um tempo igual um maluco. Não precisa falar em voz alta comigo.

…Entendi. De fato, parecia que a voz da Agetha só podia ser ouvida por mim, e se eu ficasse falando em voz alta pra me comunicar com ela, ia acabar chamando atenção.

— Consegue me ouvir assim?

— Sim, tô ouvindo perfeitamente.

Pelo visto, só pensar já era suficiente para que a Agetha ouvisse.

— Então você já me apresentou pro Noct? Como assim?

— Estamos nos comunicando do mesmo jeito agora, com ele me ouvindo remotamente também. Então o Noct já foi informado da minha situação até certo ponto.

Ah, agora faz sentido. Por ora, decidi tentar puxar papo com o espadachim Noct e o observei. Noct apenas ficou ali, parado e em silêncio. Como eu não conseguia ver sua expressão, nem saber o que ele tava pensando, fiquei meio travado para começar a conversa. Mas também não dava pra ficar calado pra sempre, então criei coragem e iniciei.

— Ahm… você é o Noct, né?

— Sou.

— Você é aliado da Agetha, certo?

— Agetha…?

Pelo jeito o nome “Agetha” não dizia nada pra ele.

— Ei, que história é essa?

— Agora que me toquei, nunca me apresentei com meu nome verdadeiro.

— Então como você se apresentou?

— Eu disse que era o ‘Herói Verdadeiro’.

Herói Verdadeiro, é? Ou seja, o Herói Eligion seria um falso herói. Enfim, melhor me corrigir.

— Desculpa, me expressei mal. Noct, você é aliado do Herói Verdadeiro, certo?

— Sim, isso mesmo. Pelo visto, você também é. Mais cedo, o Herói Verdadeiro me falou de você.

Parece que Agetha realmente me apresentou direitinho pro espadachim Noct.

— Então… o que eu faço agora?

— Hm… acho melhor a gente consultar o Herói Verdadeiro.

Dizendo isso, Noct voltou a ficar em silêncio. Será que tava conversando com a Agetha mentalmente?

— Ei, Agetha.

— Espera. Tô falando com o Noct agora. Vai ter que esperar.

Pelo visto, ela tava ocupada no momento. Só me restava ter paciência.

— Pronto, terminei.

— Terminou o quê?

— Contei tudo do plano pro Noct. Quase que eu esqueço. Sem minhas ordens, ele é só uma marionete que não faz nada.

Agora que ela falou isso, lembrei que nas linhas do tempo anteriores, o espadachim Noct nunca tomou iniciativa. Talvez fosse porque ele realmente não podia agir sem as ordens da Agetha.

— E então, o que eu faço?

— Ah, quero que você coopere com o Noct para realizar uma coisa.

— Que coisa?

— Ah, antes de te explicar isso… Noct, mostre seu rosto pra ele. Aquele que você esconde sob o capuz.

Assim que Agetha disse isso, Noct tirou o capuz.
A primeira coisa que chamou minha atenção foi o cabelo prateado reluzente.
Surpreendentemente, ele tinha um rosto bonito… mas o olhar morto, sem vida, tirava todo o encanto.

— Que sorte a sua. Pelo visto, vocês dois podem se dar bem. Acho que vocês se chamam de Alcusianos, né?

Ah, é mesmo. Tanto eu quanto o Noct tínhamos cabelo prateado.

— Agora, Kiska, o que eu quero que você faça é eliminar algumas pessoas que vou te apresentar.

A palavra “eliminar” me pegou de surpresa.

— Quero que você mate essas quatro pessoas: o Guerreiro Gorgano, a Cavaleira Sagrada Canaria, o Sábio Nyau e o Herói Eligion.

— …O quê?

Soltei um “o quê” sem nem perceber. Duas coisas me impactaram naquele momento: o nome do Sábio Nyau estar na lista de alvos, e uma lembrança importante que veio à tona.

Por causa desse cabelo prateado, fui alvo de bullying por anos na vila de Katarov.
O motivo do preconceito era a crença de que os Alcusianos, como eu, haviam traído o Herói e se aliado à raça dos Demônios.

Agora que pensei bem… quando cheguei neste mundo pela primeira vez, há cem anos, os moradores da vila não me trataram mal por causa do meu cabelo. Ou seja, nessa época, o preconceito contra os Alcusianos ainda não existia.

Na verdade, isso sugeria que ainda havia uma chance de mudar o destino e evitar que os Alcusianos fossem vistos como traidores.

— Não me diga… você já fez isso antes?

— Sim, isso mesmo. Para salvar o mundo, não teve outro jeito a não ser matar esses quatro.

Ao ouvir essas palavras da Agetha, tive certeza de algo — e, ao mesmo tempo, minha visão ficou turva e distorcida. Parecia uma tontura. Me senti enjoado e instintivamente me apoiei na parede.

O cabelo prateado era a raiz de todo o caos que minha vida tinha se tornado.
Por causa dele, fui atormentado na vila, o que levou minha mãe a adoecer e morrer, minha amiga de infância Namia foi assassinada, e eu acabei preso injustamente nas profundezas da masmorra.
Se não fosse por esse cabelo, minha vida teria seguido um caminho completamente diferente.

E agora, eu precisava matar o grupo do Herói.
Mesmo que isso fosse necessário para salvar o mundo, para quem olhasse de fora, seria fácil enxergar isso como uma traição à humanidade.

De repente, visualizei algo na minha mente: o espadachim de cabelo prateado, Noct, massacrando o grupo do Herói sem piedade. Ah… entendi.
Foi esse Noct, com seu cabelo prateado, que matou o grupo do Herói — e foi por isso que os Alcusianos passaram a ser perseguidos como traidores.

Eu não podia cooperar com esse cara.
Afinal, ele era a origem de todo o caos na minha vida.

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