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Chapter 106: Passado

 Capítulo 106 – Passado

Com o objetivo em mente, decidi me separar temporariamente do espadachim Noct.
O motivo era que eu queria adquirir a habilidade “Aprimoramento de Agilidade” na sala onde o Bugbear blindado aparece e usar a síntese de habilidades para obter as “Habilidades de Ladrão”. De agora em diante, como não sei que tipo de batalhas estarei enfrentando, não quero deixar de me fortalecer.

— Ei, Agetha.

— O que foi?

A voz da Agetha ressoou na minha mente. Agetha ainda se comunica comigo remotamente.

— A gente precisa mesmo matar o herói Eligion?

Embora eu tenha conseguido remover o sábio Nyau como alvo, não consegui isentar o herói Eligion. Pessoalmente, não tenho nenhum apego especial ao herói Eligion, mas se houver uma forma de evitar a morte dele, parece a melhor opção.

Além disso…

— O herói Eligion é forte. Nesse caso, acho que seria melhor torná-lo um aliado.

Eu já vi a força dele com meus próprios olhos, várias vezes.

— É difícil fazer dele um aliado. Matar a Cavaleira Sagrada Canaria vai deixar o herói Eligion contra nós.

— E se a gente explicasse a situação e tentasse convencer ele?

— Infelizmente, convencê-lo é impossível.

Agetha falou como quem já tinha desistido.

— Eu consegui convencer ele.

— …

Ouvi o suspiro da Agetha.

— Eu já revivi essa linha do tempo várias vezes. Em uma dessas voltas, consegui convencer o herói Eligion.

Percebendo que não conseguiria derrotar o guerreiro Gorgano e a Cavaleira Sagrada Canaria com a minha própria força, procurei uma forma de convencer o herói Eligion a se tornar um aliado. Embora no começo eu tenha falhado, com as repetições, já descobri como persuadir o herói Eligion.

— Então, você convenceu ele. E o que aconteceu depois?

— O herói Eligion foi morto pela Cavaleira Sagrada Canaria.

Falei honestamente. E então, de repente, me lembrei de como o futuro mudou drasticamente por causa da interferência do Nyau.

— Entendo.

Agetha assentiu e ficou em silêncio, pensativa.

— Bom, se for assim, pode haver uma brecha para convencê-lo. No entanto, eu não gostaria de mudar drasticamente um método que já deu certo. Você provavelmente entende, pela experiência, que alterar um único evento pode causar mudanças enormes no futuro.

— É, eu entendo, mas…

Já vivi algumas situações em que mudar um detalhe no plano acabou gerando um resultado completamente diferente.

— Mas se eu falhar, posso tentar de novo.

Eu já morri incontáveis vezes. A essa altura, morrer mais algumas não vai me incomodar.

— Kiska.

Fiquei surpreso por ela ter me chamado assim. Foi porque Agetha apareceu bem na minha frente. Ela tinha evitado se manifestar fisicamente pra conservar energia, se comunicando à distância. Apesar disso, ela escolheu se revelar dessa forma.

— Kiska tá insatisfeito com meu jeito de fazer as coisas?

Dizendo isso, ela me encarou com um olhar ansioso.

— Não, não é isso, mas—

— Mentira!

Ela gritou com força.

— Eu já percebi faz tempo que tem algo estranho com o Kiska. Por quê? Será que você passou a me odiar? Não, não, não! Se o Kiska me odiar, eu não vou conseguir continuar vivendo!

Dizendo isso, Agetha desabou ali mesmo.

— Desculpa, Agetha. Não tem como eu te odiar.

Instintivamente, me aproximei dela.

— Sério?

— Sério.

— …Prova. Prova que você não me odeia, aqui e agora.

Dizendo isso, Agetha me encarou. De alguma forma, eu entendi o que ela queria. Então, segurei seus ombros e a beijei.

Talvez por Agetha estar com os olhos marejados, o gosto do beijo estava mais salgado do que o normal.

— Mmm. Eu ainda amo o Kiska.

Quando nos separamos, ela disse isso. Pelo menos por enquanto, parecia ter se acalmado.

— Hm, vou ser honesto.

Na verdade, eu deveria ter sido honesto desde o começo. O motivo de eu ser contra matar o herói Eligion não era por piedade ou sentimentalismo.

— Eu comentei antes que fui alvo de bullying na vila.

— Sim, foi por causa do seu cabelo prateado, né?

— Na verdade, acho que foi porque o Noct traiu os heróis, e aí eu virei alvo do bullying na vila.

Se eu conseguisse convencer o herói Eligion, pensei que poderia desfazer essa imagem de que pessoas de cabelo prateado, como os Alcus, eram traidoras.
Foi por isso que eu estava procurando uma forma de evitar a morte do herói Eligion.

Depois disso, contei meu passado pra Agetha. O que eu vivi na vila.
Desde que fui banido para as profundezas da masmorra, conheci várias pessoas, mas nunca tinha revelado meu passado pra Agetha.
Devo ter sentido certa resistência em confessar um passado tão miserável.

— Ei, você tá bem?

De repente, percebi que Agetha estava ali na minha frente, desabando em lágrimas.

— Eu não sabia que o Kiska tinha passado por algo assim. Me desculpa. Eu só pensei em mim até agora e nunca parei pra considerar o que o Kiska passou.

— Tá tudo bem, não precisa se desculpar, Agetha.

— Mas o Kiska sofreu bullying, e a raiz disso fui eu. Fui eu quem deu a ordem pro Noct, então aconteceu.

— Tá tudo bem, de verdade. Pode ser que você e o Noct tenham sido o estopim, mas isso não significa que vocês são culpados. Então, obrigado. Só de ver você chorando assim, já me deixa feliz.

O que eu disse foi a minha mais pura verdade. Com certeza, eu achava que o Noct era o principal responsável pelo que me aconteceu. Mas culpá-lo diretamente ainda parecia um erro.

Enquanto pensava nisso, Agetha enxugou as lágrimas, se levantou e disse com os olhos ainda úmidos:

— Kiska, eu vou mudar o seu passado. Vou apagar a mancha sobre o povo Alcus como se ela nunca tivesse existido.

— …Você consegue mesmo fazer isso?

— Sim, deixa comigo.

Dizendo isso, Agetha sorriu com confiança.

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