Capítulo 111 – Eu não sei
— Kiska, você sabe onde o Lorde Demônio Zoga está?
— Sei, sim.
— Ótimo. Nesse caso, vamos nos separar aqui. Kiska, vá procurar a Sábia Nyau. Nós cuidamos do Lorde Demônio Zoga enquanto isso.
— Ah, entendi.
Pensando bem, percebi que nunca cheguei a encontrar a Nyau na masmorra, então eu realmente não fazia ideia de onde ela estava. Perguntei pra Agetha, e ela me deu uma ideia geral de onde a Sábia Nyau poderia estar. Depois de me separar da Agetha e do pessoal, fui até o possível local onde ela poderia estar.
— Aaah, onde foi parar todo mundo!?
De longe, avistei a Sábia Nyau andando nervosa pela masmorra, claramente procurando por alguém.
Isso me deixou nervoso.
Considerando o que rolou na linha do tempo anterior, eu tava meio receoso de encarar a Nyau cara a cara. Bom, provavelmente ela não lembra de nada, então talvez eu devesse só chegar de boas.
— Ei, então é aqui que você tava.
Levantei a mão e fui até a Nyau.
— Ah, finalmente encontrei alguém... Espera, não é o Kiska? O mais inútil do grupo?
— Ei, não julga pela aparência, né?
— Mas Kiska, você é o mais fraco entre a gente, não é?
— Bom, é... Isso é verdade, mas...
Essa garota sempre foi tão insuportável assim? Na linha do tempo anterior, ela era tão fofa... Bom, pra ser justo, ela ainda é bem fofa.
— Enfim, vamos indo. O pessoal tá esperando.
— Hã!? Já se reuniram?
— É, mais ou menos isso.
Assenti com a cabeça, sentindo uma pontinha de culpa por mentir pra ela. Afinal, não tinha nada parecido com o que ela tava imaginando.
— Certo, não podemos perder tempo. Kiska, mostre o caminho!
Com a Nyau me seguindo, comecei a guiá-la até onde Agetha e os outros estavam — ou estariam, se tudo tivesse corrido como planejado.
— Ei, Nyau.
— O quê?
— Quando a gente chegar lá, é bem provável que o Lorde Demônio já tenha sido derrotado.
— Sério? Será que o Herói Eligion tá lutando contra o Lorde Demônio agora?
— Não, não é isso.
— Hã? Então quem vai derrotar o Lorde Demônio?
— É a Agetha.
— Agetha, você disse?
— A Heroína Agetha. Ao contrário do Eligion, ela é uma heroína de verdade.
— Uhm...
Nyau fez uma cara totalmente confusa.
Bom, até entendo.
Eu até tinha explicado antes que encontrar a Agetha de repente seria confuso, mas ainda assim, não dava pra esperar que ela acreditasse tão fácil.
— Sei que é difícil de acreditar, mas é a verdade. Só... se prepara, por enquanto.
— T-Tá bom.
Ainda com cara de quem não entendeu nada, Nyau assentiu.
Por ora, era o melhor que eu podia fazer.
— Desculpa por isso. Queria poder ser mais útil pra você, mas talvez não seja possível dessa vez.
— Bom... não é como se eu precisasse da sua ajuda ou algo assim.
— É verdade.
Soltei uma risadinha.
Realmente, a Nyau era bem mais forte que eu. Faz sentido ela não precisar da minha ajuda.
◆
Guiada por Kiska dentro da masmorra, a Sábia Nyau caminhava ao lado dele. Durante o trajeto, nenhum dos dois puxou conversa. Nyau tinha acabado de conhecer Kiska, então não sentia muita vontade de conversar.
— Oh...
Ao avistar um monstro, Nyau murmurou. Era uma Mula Sem Cabeça. Com suas habilidades mágicas, ela conseguiria derrotá-la com facilidade. Então, Nyau empunhou sua vara mágica e começou a conjurar uma magia pra derrubá-la.
Um som surdo ecoou. Que barulho foi esse? Nyau se virou, assustada.
— Kugooo!!
Lá estava outra Mula Sem Cabeça, urrando em triunfo. Parece que havia mais de um monstro escondido ali atrás. Isso não era bom. Nyau entrou em pânico. Com eles tão perto, ia ser difícil evitar o ataque. Então, rapidamente ela mudou a magia que estava preparando e tentou usar um feitiço de cura, pra aguentar o tranco mesmo se fosse atingida.
De repente, sentiu como se estivesse flutuando. No momento seguinte, percebeu que estava nos braços de Kiska. Ele a segurava com firmeza e, com a outra mão, empunhava a espada, cortando os monstros um a um com precisão. Pelo visto, Kiska estava lidando com eles numa boa.
Nyau relaxou e decidiu confiar nele. Enquanto olhava pro rosto de Kiska, reparou que os cílios dele eram longos.
— Nyau, você tá bem?
Kiska, aliviado que tudo tinha terminado bem, a colocou gentilmente no chão.
— Sim, graças a você. Obrigada.
Com certeza, se não fosse por ele, ela teria se machucado. Por isso, Nyau fez questão de agradecer.
Mas aí, por algum motivo, Kiska demorou para soltar o cabelo dela, acariciando como se estivesse aproveitando o momento.
— Que bom. Seu rostinho fofo ficou intacto.
Dizendo isso, ele soltou a mão dela.
— Ugh...
Dando uma resposta meio vaga, Nyau de repente pensou: “Ele me chamou de fofa agora?”
E foi aí que percebeu o quanto seu coração estava batendo rápido.
(Ué? Por que eu tô ficando empolgada com isso?)
(Foi só uma ajudinha... e ele só me chamou de fofa.) Pra Nyau, era algo trivial. Mas mesmo sabendo disso, os batimentos não paravam de acelerar.
Ela não fazia ideia.
O motivo de estar se sentindo assim.
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