Capítulo 114 – Café da manhã
— Então, qual era o assunto que você veio conversar?
Agetha mudou de assunto ao dizer isso.
Pensando bem, eu realmente entrei no quarto falando que precisava conversar.
— Eu falei sobre isso ontem, né? O Observador me disse que, se for determinado que o mundo foi salvo, eu vou ser mandado de volta pro meu tempo original. Mas já passou um dia e eu ainda não voltei. Então pensei que isso talvez signifique que o mundo ainda tá à beira da destruição.
— Entendo. Essa possibilidade parece bem provável.
— Mas a gente derrotou o Rei Demônio Zoga, que era a causa principal da destruição do mundo. Então, o que mais pode estar causando isso?
— Ainda existem entidades perigosas além do Rei Demônio Zoga. As forças demoníacas dele continuam ativas, e ainda tem aquela organização misteriosa chamada Caotismo.
— Verdade, isso é um bom ponto.
Mesmo derrotando o Zoga, não quer dizer que o mundo ficou em paz de uma hora pra outra.
— Ei, Agetha. Se o mundo tá prestes a ser destruído, eu quero impedir isso. Você topa me ajudar?
— Eu sou uma heroína. Salvar o mundo é o meu trabalho, então é óbvio que vou ajudar, né?
— Entendi.
Se a Agetha tá disposta a cooperar, já é um alívio. Afinal, ela é uma heroína.
— Mas, por onde a gente começa?
Se a gente não sabe o que exatamente tá causando a destruição do mundo, fica difícil bolar um plano.
— Agetha, você tem alguma ideia do que pode ser?
— Bom, por exemplo, pode ser aquele pessoal do Caotismo. Eu não sei os detalhes, porém.
— Entendi...
Nesse caso, parece que vamos ter que investigar por conta própria.
— Kiska, posso dar uma sugestão?
— O que foi?
— Eu queria ir a algum lugar com você... só por diversão.
Diversão, é? Pensei: será que é certo fazer algo tão despreocupado assim, com o mundo à beira do colapso? Mas também, ficar tenso o tempo todo não ajuda.
— Tudo bem. Vamos a algum lugar pra nos divertir.
— Eba!
Disse ela, toda empolgada.
◆
Depois que a Agetha terminou de se trocar, descemos as escadas.
Ficamos sabendo que o café da manhã tinha sido preparado pra gente na sala de refeições do primeiro andar.
— Bom dia.
— Ah, bom dia. Nyau, você também vai tomar café?
— Sim, isso mesmo.
Ao entrarmos no refeitório, a Sábia Nyau nos cumprimentou. Parecia haver algo estranho no jeito dela. Ela lançou um olhar meio de lado.
Ah, entendi.
Quem já estava sentado à mesa era o Herói Eligion. Apesar de ter ficado inconsciente ontem, parece que se recuperou bem e já estava com uma aparência saudável.
— Bom dia, Herói.
Para ser educado, o cumprimentei com respeito.
— Ah, bom dia.
O Herói Eligion respondeu, mas com uma expressão meio tensa.
— Ei, Agetha, dá um oi.
Sussurrei pra Agetha, que estava parada atrás de mim sem fazer nada.
— Oi.
Inacreditável. Ela disse isso sem nem olhar pra ele. Ei, ele não é qualquer um — é um príncipe, e ainda por cima, o Herói. Cadê o respeito? Muito grosseiro da parte dela. Eu ia me desculpar quando—
— Ouvi a maior parte da situação através da Sábia Nyau.
O Herói Eligion começou a falar, sem nem dar bola pra atitude da Agetha. Por causa disso, perdi o timing de pedir desculpas.
— Entendo — respondeu a Agetha, de novo de forma seca.
— Existem várias coisas que eu gostaria de confirmar com vocês, mas antes de tudo—
O Herói soltou um suspiro. O que será que ele vai dizer? E se ele decidir me condenar à execução com a autoridade de príncipe? Tem tantas formas possíveis de acabar executado...
— Obrigado. Em nome dos cidadãos, expresso minha gratidão a vocês por terem derrotado o Rei Demônio.
O Herói Eligion se curvou com sinceridade. Arregalei os olhos de surpresa. Eu não esperava um agradecimento.
— Kiska, você também cooperou. Quero agradecer pessoalmente a você também. Obrigado.
— Uh, obrigado.
E além de tudo, ele ainda me agradeceu diretamente. Apressei-me em curvar a cabeça em retribuição.
— Agora, será que poderiam explicar os detalhes do ocorrido, do ponto de vista de vocês?
O Herói Eligion disse, olhando para a Agetha. Mesmo tendo escutado a situação pela Nyau, isso não deve ter sido o suficiente. É natural ele querer ouvir da boca dos envolvidos. Com isso em mente, olhei pra Agetha.
— Nem pensar.
Ela recusou na lata.
— Ei, você não pode recusar um pedido do Herói-sama!!
Repreendi a Agetha, nervoso. Espero que isso não piore o humor do Herói Eligion.
— Que preguiça.
— Isso não é desculpa! Explica direito pra ele!
— Bom, se o Kiska tá pedindo, tudo bem...
Mesmo visivelmente contrariada, ela assentiu. Já considero isso uma vitória.
— Me desculpe! Eu vou dar uma bronca nela depois, então, por favor, nos perdoe!
— Ah, sim, tudo bem. Não precisa se desculpar.
Parece que ele aceitou a situação. Ufa, o Herói-sama é realmente bondoso.
— Então, vamos tomar o café da manhã enquanto conversamos — e assim, começamos a explicar tudo ao Herói Eligion.
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