Capítulo 117 – Audiência
Na sala do trono do palácio real, o rei já estava sentado em seu trono, pronto e aguardando. De cada lado dele, vários outros dignitários se postavam de maneira imponente.
— Majestade, retornamos — anunciou o príncipe Eligion, liderando o grupo.
— Ah, bem-vindo de volta. Tenho orgulho de ter um filho como você — respondeu o rei.
O príncipe Eligion fez uma reverência com a cabeça.
— Suas palavras são gentis demais.
— Agora, ouvi dizer que entre vocês está aquele que derrotou o Lorde Demônio — disse o rei, interessado.
— Sim, ela é a verdadeira heroína que derrotou o Lorde Demônio — apresentou Eligion, indicando Agetha.
Agetha deu um passo à frente, fez uma reverência e disse:
— Majestade, é uma honra conhecê-lo. Meu nome é Agetha.
— Entendo. Então você é a heroína. Quando ouvi que meu filho não era o verdadeiro herói, fiquei um pouco desapontado. No entanto, o fato de que o Lorde Demônio foi derrotado por suas mãos é motivo de grande alegria. Foi um ato justo.
— Suas palavras são gentis demais — respondeu Agetha, agradecendo com outra reverência.
— De fato, devo recompensá-la por seus feitos. Há algo que deseje?
No momento em que o rei disse isso, um murmúrio de surpresa e animação percorreu a sala. O tratamento generoso parecia ter pegado todos de surpresa.
— Ouro, terras, título ou poder? Se estiver ao meu alcance, concederei o que desejar.
A generosidade do rei era impressionante. Parecia realmente disposto a realizar qualquer pedido.
— Bom...
Agetha começou a falar, e todos voltaram seus olhares para ela. Fiquei curioso sobre o que ela pediria.
— Não preciso de nada em especial. Estou satisfeita com a situação atual.
Assim que Agetha falou, outra onda de espanto percorreu a sala. Vozes elogiando sua humildade e admirando a heroína escolhida podiam ser ouvidas aqui e ali.
— Hahaha, realmente alguém digna do título de heroína. No entanto, não fazer nada mancharia a reputação do rei. Prepararei uma recompensa para você depois.
Dizendo isso, o rei deu instruções a seus subordinados. A audiência com o rei terminou de forma tranquila.
Mais tarde, soube que eu, junto com Agetha e a Sábia Nyau, receberíamos recompensas do rei por nossas contribuições.
Depois disso, nós três participamos de um banquete no palácio real, que também servia como celebração pela vitória. A festa foi mais luxuosa do que o normal. Além disso, fomos gentilmente convidados a permanecer nos aposentos do palácio por um tempo.
— Tô cheia! — Agetha se jogou na cama, se espreguiçando. Realmente, a comida tinha sido em grande quantidade, e ela parecia bem satisfeita.
— Ei, Agetha, o que vamos fazer amanhã?
Como ainda não tínhamos recebido nossas recompensas, planejávamos ficar na capital real por mais um tempo.
— Quero sair num encontro.
— Um encontro?
— Então, já que estamos aqui, que tal explorarmos a capital real juntos amanhã?
— Fechado.
E assim, nossos planos para o dia seguinte estavam decididos. Apesar da preocupação de que a crise da destruição do mundo pudesse nos alcançar em breve, parecia que poderíamos aproveitar um pouco de paz por agora.
Falando nisso, por que a Nyau estava chorando na carruagem? Ela também parecia meio abatida durante a audiência com o rei. Não consegui entender o motivo. Mesmo vasculhando as memórias da linha do tempo anterior que passei com a Nyau, nada fazia sentido. Não podia ser que ela gostasse de mim, ficou chocada ao ver eu e a Agetha juntos e acabou chorando. Afinal, as memórias da linha do tempo anterior com a Nyau tinham sido completamente apagadas. Eu estava um pouco preocupado com ela, mas não parecia haver muito que eu pudesse fazer agora. Nesta linha do tempo, não tínhamos nos aproximado tanto, então oferecer conselhos do nada talvez só a deixasse confusa.
— A propósito, ouvi que tem um banho enorme aqui no palácio, e a gente pode usar — comentou Agetha.
— Um banho enorme, hein? — respondi. Eu conhecia as casas de banho públicas da Vila Katarov, então sabia mais ou menos o que esperar. Por ser o palácio real, imaginei que seria um lugar extravagante. Estava animado para ver.
— Vamos mais tarde — sugeriu Agetha. — Já que estamos aqui, por que não vamos juntos?
— Não fala besteira. Homens e mulheres não podem usar o mesmo banho.
— Vai dar tudo certo se ninguém perceber.
— É o banho do palácio real. Várias pessoas, inclusive servos, devem estar usando. Então, entrar sem ser pego é provavelmente impossível.
— Entendi. Devia ter pedido pro rei reservar só pra gente — disse Agetha, como se fosse algo bem razoável de se pedir.
— Aliás, por que você não pediu nada pro rei?
Perguntei, curioso. Se fosse eu, talvez tivesse acabado pedindo dinheiro.
— Eu disse. Falei que tô satisfeita com a situação atual.
— É, você disse isso mesmo.
— Mas, enquanto o Kiska estiver comigo, não preciso de mais nada.
Dizendo isso, Agetha me encarou. Seus olhos brilhavam com uma intensidade quase selvagem, como se, ao encará-los por muito tempo, eu fosse engolido por eles.
— Entendi — respondi com calma, tentando disfarçar o coração disparado diante do afeto direto da Agetha.
Comentários Box