Capítulo 127 – Agetha Negra
— Então, Agetha, você tem consciência do looping?
— Não, não tenho.
— Como eu imaginei.
A Agetha também não tinha consciência do looping na linha do tempo anterior. Parece que o mesmo se aplica à Agetha Negra.
Certo, resumi os acontecimentos até agora para a Agetha, explicando que alguém vai atacar daqui a oito dias, e que mesmo lutando, ela acabaria morrendo.
— Bom, eu também não consigo vencer. Afinal, eu e a Agetha estamos no mesmo nível de força em combate.
Faz sentido.
Ainda há muitas perguntas sem resposta, como por que a Agetha Negra não tem consciência do looping e por que ela está dominando a personalidade no lugar da Agetha comum. No entanto, toda vez que pergunto algo para a Agetha Negra, a resposta é sempre um simples "não sei".
— Mais importante que isso, derrotar o Lorde Demônio Zoga é prioridade.
— Isso mesmo.
Então, com a Agetha Negra, planejei uma estratégia para derrotar o Lorde Demônio Zoga.
— Ei, a gente vai matar o assassino Noct mesmo?
— Claro. Ter ele por perto só traz problema.
— ...Entendi.
No fim das contas, a missão para derrotar o Lorde Demônio seguiu quase do mesmo jeito da linha do tempo anterior. A Agetha Negra derrotou o Zoga, e logo depois matou o assassino Noct sem hesitar. Depois disso, usamos a magia de teletransporte do Sábio Nyau para escapar da masmorra.
Assim como da outra vez, fomos recebidos pelos moradores da vila e passamos a noite no alojamento que nos ofereceram.
— Ei, Agetha.
— Hmm? Que foi?
A Agetha Negra estava sentada na cama na minha frente. Apesar de ter a mesma aparência, o clima era completamente diferente. Ficar cara a cara com a Agetha Negra me deixava um pouco nervoso. Diferente da Agetha comum, ela parecia mais distante... como uma estranha.
— Ei, o que você acha de a gente sair dessa vila e fugir pra bem longe?
— Por quê?
— Se a gente continuar nessa estalagem, vamos acabar indo parar no palácio real com o Príncipe Eligion. Se isso acontecer, podemos ser mortos de novo por alguém no palácio. Então, não seria melhor fugir juntos?
Quanto mais longe da capital, melhor. Provavelmente, se o culpado não estiver na capital, ele não vai conseguir nos atacar.
— Mas se fizermos isso, não vamos conseguir descobrir quem é o culpado. Talvez o melhor seja encarar essa pessoa no palácio real.
O argumento da Agetha Negra fazia sentido. Minha sugestão de fugir era só uma forma de adiar o problema. Se o assassino realmente quiser nos matar, tem grandes chances de vir atrás da gente. E considerando que tem força para derrotar a Agetha, nossa vida estaria em risco se ele nos perseguisse.
— Mesmo assim, acho que a chance de sobrevivência é maior se a gente fugir do que se continuar no palácio.
Ainda não sabemos quem é nosso inimigo. Mesmo que ele consiga derrotar a Agetha, quero acreditar que não teria como nos rastrear se a gente fosse bem longe.
— Tá bom, vamos seguir com a sua decisão. Então, quando vamos sair da estalagem?
— Amanhã bem cedo.
De manhãzinha. Se eu esperar encontrar o Príncipe Eligion, vou ter que explicar tudo, e posso acabar sendo convidado pra ir pra capital. Quero evitar recusar um convite dele. Então, é melhor a gente sair da vila antes dele acordar.
Para não deixar mágoas, escrevi uma carta explicando a situação e mencionando qualquer coisa relacionada à Cavaleira Sagrada Canaria.
— Certo, pronta, Agetha?
Do nosso lado, havia um cavalo que conseguimos na vila.
— Ainda tô com sono...
Dizendo isso, a Agetha Negra esfregou os olhos. Estava meio sonolenta ainda, com os olhos só pela metade.
— Nesse caso, você pode dormir enquanto a gente cavalga. Eu vou montando.
— Beleza.
Então, montamos juntos no cavalo. A Agetha Negra ficou na frente, e eu atrás. Ela encaixava certinho nos meus braços, surpreendentemente perto, e se apoiou em mim. Fiquei um pouco sem reação com a proximidade.
— Então, pra onde estamos indo?
— Agora que você falou, acho que nem te contei.
Pra ser honesto, contanto que a gente fique longe da capital, não importa muito pra onde ir.
— Por enquanto, vamos pro Império de Ritzken.
Decidi ir pra um lugar que já conhecia e onde sabia como me virar.
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