Entre no Discord e faça parte da comunidade!

Chapter 129: Reconfirmação

 Capítulo 129 – Reconfirmação

Dois dias após nossa partida da Vila Katarov.

— Finalmente chegamos ao nosso destino.

Diante de nós se erguia uma imponente muralha. Assim que passássemos por ela, alcançaríamos a capital do Império Ritzken, Larrichmond.

— Finalmente mesmo. Minha bunda tá doendo de tanto tempo em cima do cavalo — reclamou a Agetha Negra, que vinha na frente.

— Aguenta só mais um pouco. Depois do portão, você pode descer.

Cruzamos o portão e entramos na cidade.

Lá dentro, era tão movimentado quanto a capital real. Na minha visita anterior com a Sábia Nyau, estávamos em tempos de guerra e nem conseguimos fazer turismo. Agora, mesmo com o perigo pairando sobre nossas cabeças, talvez desse pra aproveitar um pouco — ainda que de leve.

Depois de deixarmos o cavalo no estábulo e garantirmos um lugar pra passar a noite, fui dar uma volta pela cidade com a Agetha Negra.

Durante o almoço, num lugarzinho conveniente, conversei com ela sobre os próximos passos.

— Agetha, o que você acha que deveríamos fazer agora?

— …Deixa eu pensar. Quando é que a gente supostamente vai ser morto?

— Bom, a partir de agora, em cinco dias.

Mas, claro, essa previsão se baseava na ideia de que a gente ficaria no palácio real. Agora que estamos no Império Ritzken, não dá pra afirmar com certeza que morreremos em cinco dias.

— Será que não dava pra ficar de boa nesse país? Duvido que o assassino venha até aqui.

De fato, não parecia fácil pro culpado descobrir que estávamos aqui. Talvez fosse seguro ficar por aqui.

— É…

Mesmo concordando com a cabeça, o aperto no meu peito não passava. Intuição me dizia pra não baixar a guarda.

— Agetha, acho melhor irmos mais longe. Nessas situações, é melhor exagerar na cautela do que se arrepender depois.

— Entendi. Se é isso que você acha, eu sigo você, claro.

— Obrigado.

— Hã? Por que esse “obrigado” do nada?

— É que você tá aceitando essa minha decisão egoísta.

— Se isso é egoísmo, acho que você tá sendo generoso demais.

— É mesmo?

— Hmph, tanto faz. E pra onde a gente vai agora?

— Hmm…

Se fôssemos seguir mais adiante da capital, a próxima opção seria a Federação de Nagara. Um país recém-formado.

— Vou pesquisar depois. Também não tem por que sair correndo. Vamos passar a noite aqui mesmo.

Depois do almoço, saímos pra andar um pouco pela cidade. Como era de se esperar da capital, havia várias lojas ao longo das ruas.

De repente, notei que a Agetha Negra tinha parado, olhando fixamente para algo com a mão direita encostada no vidro da vitrine. Lá dentro, acessórios estavam em exposição.

— Você gostou de algo?

— N-Não é isso. Só chamou minha atenção, foi sem querer.

Ela respondeu com um tom defensivo. Não tinha por que ficar envergonhada.

— Já que estamos aqui, vamos dar uma olhada.

— Ei, já falei que não tô interessada.

— Só um pouquinho, vai.

Ignorei a resistência dela e puxei seu braço, entrando na loja. Era uma loja de acessórios, cheia de anéis e colares femininos.

Os preços eram mais altos do que eu esperava. Talvez não fosse o tipo de lugar pra entrar por curiosidade. Mesmo tendo puxado a Agetha pra dentro, comecei a ficar desconfortável e pensei em ir embora — mas antes procurei por ela com os olhos.

Ela estava encarando um item com atenção.

— Você quer?

Ao ouvir minha voz, ela se assustou e virou o rosto pra mim.

— N-Não é isso — respondeu, gaguejando.

O que tinha prendido a atenção dela era um conjunto de fitas de cabelo. Diferente de anéis e colares, pareciam mais acessíveis — e com um preço razoável.

— E, além disso, acho que não combina comigo…

Ela disse, com um certo tom de autodepreciação.

— Bom, eu acho que combinaria sim. Ia ficar fofa em você.

Queria comprar pra ela de presente, mas infelizmente estava sem grana. Até o almoço quem tinha pago foi a Agetha Negra. Lembrei de uma vez que quis dar um anel pra Agetha, mas não tinha dinheiro. Depois acabei ganhando uma recompensa ao derrotar o Nidorg, e pensei em mandar fazer o anel, mas o destino tomou outro rumo…

— Tá bom, vamos sair da loja — ela disse, me empurrando pra fora.

Quando saímos, fiquei pensando se havia um jeito rápido de ganhar dinheiro. Foi aí que meus olhos se fixaram em um certo prédio.

— Todo país tem uma guilda de aventureiros…

Uma guilda podia ter missões rápidas que rendessem um dinheirinho no mesmo dia.

— Ei, Agetha. Podemos parar ali rapidinho?

— Claro. Você tem algo pra resolver?

— Ah, é que…

Se eu explicasse agora, não ia ser surpresa.

— Agetha, foi mal. Lembrei de um negócio que preciso fazer. Prometo voltar até o fim da tarde, tudo bem?

— Tá, entendi, mas…

Depois de confirmar o aceno de cabeça dela, entrei sozinho na guilda de aventureiros.

Sem nada específico pra fazer, a Agetha Negra voltou sozinha pra estalagem.

— Tédio…

O quarto só tinha uma cama. Pensou que devia ter comprado um livro ou algo assim, mas estava sem energia pra sair.

— O que será que o Kiska tá fazendo agora?

Murmurou sozinha.

Ele tinha dito que precisava resolver algo e foi até a guilda de aventureiros. No fim, nem explicou o que era. Isso deixou a Agetha Negra um pouco solitária.

— Talvez ela seja melhor do que eu, no fim das contas…

Na cabeça da Agetha Negra, surgiu a imagem da outra versão de si mesma.

Aquela outra era encantadora, sabia como lidar com as pessoas — diferente dela. Sabia que seu jeito afastava os outros, e essa consciência sempre doía no peito.

— Kiska…

Pensando que queria vê-lo, sussurrou seu nome.

— Foi mal, Agetha. Demorei mais do que imaginei.

A porta se abriu de repente, e ali estava Kiska.

Parecia ter feito algum exercício — gotas de suor escorriam pela testa.

— O que você foi fazer?

Ao perguntar, Kiska coçou a bochecha, um pouco envergonhado, e tirou uma caixinha do bolso, entregando pra Agetha Negra.

— Posso abrir?

— Claro, vai em frente.

Com a permissão dele, Agetha abriu a caixa.

— Oh…

Dentro estava a fita que ela tinha admirado na loja.

— Hm, achei que combinaria com você. E eu queria muito te dar isso de presente. Espero que não se incomode…

Naquele instante, tudo fez sentido. Agetha entendeu. Kiska estava sem dinheiro — ela sabia disso. Então ele foi até a guilda só pra conseguir uma grana e comprar esse presente.

— Obrigada. Vou guardar com carinho pra sempre.

E Agetha Negra pensou:

— Acho que, no fim das contas, eu gosto mesmo do Kiska.


Chaper List:

Comentários Box